Groenlândia e Dinamarca responderam, nesta quarta-feira (5), o discurso do presidente Donald Trump, que reiterou na terça-feira o interesse pela estratégica ilha do Ártico, da qual disse que será "de uma forma ou de outra" de propriedade dos Estados Unidos. "Não queremos ser americanos, nem dinamarqueses, somos groenlandeses. Os americanos e seu presidente devem entender isso", respondeu o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede.

"Não estamos à venda e não podem nos tomar simplesmente", escreveu Egede na rede social Facebook. Trump expressou em várias ocasiões o desejo de que a Groenlândia - uma ilha do Ártico de grande importância estratégica e que analistas acreditam que contém grandes reservas inexploradas de minerais e petróleo - passe a integrar os Estados Unidos. Na terça-feira, em um discurso no Congresso americano, o republicano reiterou que deseja que a Groenlândia seja "de uma forma ou de outra" propriedade dos Estados Unidos.

"Isso não acontecerá", disse o ministro da Defesa da Dinamarca, Trouls Lund Poulsen, à imprensa estatal, acrescentando que "a direção que a Groenlândia desejar tomar será decidida pelos groenlandeses". A Groenlândia, maior ilha do Ártico, pertence à Coroa da Dinamarca, mas possui um governo autônomo com amplas competências.

Em seu discurso, Trump disse que os Estados Unidos precisam da Groenlândia "para a segurança mundial internacional". "Acredito que vamos conseguir. De uma forma ou de outra, vamos conseguir", acrescentou. "Vamos mantê-los seguros, vamos torná-los ricos e, juntos, levaremos a Groenlândia a níveis que nunca imaginaram possíveis", prometeu Trump.

O território autônomo dinamarquês deve celebrar eleições legislativas no dia 11 de março. O Parlamento da Groenlândia, preocupado com possíveis interferências estrangeiras nas eleições, aprovou uma lei que proíbe que partidos políticos recebam doações anônimas ou estrangeiras.

Trump 'mente novamente' sobre canal do Panamá, diz presidente Mulino

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, também rebateu Trump. Ele afirmou, nesta quarta-feira (5), que o mandatário americano, Donald Trump, "mente novamente" sobre o canal do Panamá, pois a via não está "em processo de recuperação" por parte de Washington. "O presidente Trump mente novamente. O Canal do Panamá não está em processo de recuperação" e esse tema não foi tratado nas conversas bilaterais, indicou Mulino no X.

O mandatário panamenho fez essas declarações no dia seguinte ao chefe da Casa Branca reiterar, em uma mensagem ao Congresso em Washington, que "vai recuperar" essa via marítima inaugurada em 1914 pelos Estados Unidos e entregue ao Panamá no último dia de 1999. Trump disse que "para melhorar ainda mais nossa segurança nacional, minha administração vai recuperar o canal do Panamá, e já começamos a fazer isso".

Anteriormente, o republicano havia dito que não descarta o uso da força para tomar o controle do canal, que une o oceano Pacífico ao Atlântico. "Rechaço em nome do Panamá e de todos os panamenhos essa nova afronta à verdade e à nossa dignidade como Nação", escreveu Mulino.

"A cooperação entre nossos governos passa por entendimentos claros em torno de temas de interesse mútuo, como se vinha fazendo. Nada tem a ver com a 'recuperação do Canal' nem com manchar nossa soberania nacional", acrescentou. Trump afirmou que há interferência chinesa no canal, pois os portos nos acessos da via são operados desde 1997 pela empresa Hutchinson de Hong Kong.

Sob uma forte pressão de Trump, a empresa anunciou na terça-feira que concordou em ceder sua participação na operação do Canal do Panamá e em outras instalações portuárias a um consórcio americano.