Quando tinha 10 anos e morava em Ipatinga (MG), Diego Costalonga costumava olhar para o pequeno globo terrestre da sala de casa e anotar os nomes mais diferentes que encontrava. Depois, seguia para a internet, para procurar no Google informações sobre os lugares que lhe soavam inusitados. Pesquisando sobre países como Mongólia e Myanmar, se deparou com uma imagem que ficaria guardada na memória por muitos anos e mudaria seu destino: os terraços de arroz do Vietnã.
“Quando vi aquelas montanhas, tudo muito verde, tudo muito bem bonito, eu sabia que eu queria estar lá, ver aquilo, e sonhei com esse momento. Basicamente eu queria estar lá, em um terraço de arroz, pisando na terra molhada, afundando meus pés, colhendo o arroz e colocando em um sexto nas minhas costas, ou simplesmente plantando”, revela o produtor de conteúdo mineiro, que possui um canal no Youtube com 235 mil inscritos, em que mostra as aventuras e perrengues de uma viagem por países asiáticos - feita com pouco dinheiro.
Nos vídeos apresentados em diferentes redes sociais, Diego passeia por lugares nada óbvios, conversando com pessoas simples de pequenas cidades no interior de China, Tailândia, Vietnã, Laos, Malásia e, até, Myanmar. Ele sempre faz questão de deixar claro que é possível viajar em segurança por esses países e pagando muito pouco para degustar comidas típicas - que muitas vezes podem parecer estranhas aos olhos dos brasileiros.
Mudança de vida
Antes de chegar à vida de influencer de viagens, o ipatinguense de 35 anos passou pelo Rio de Janeiro - onde estudou Artes Cênicas -, Estados Unidos, Colômbia e Alemanha.
Tudo mudou há cerca de um ano, quando ele e a então namorada alemã decidiram viajar para conhecer os terraços de arroz do sudeste asiático - cenário dos sonhos de infância de Diego. “Eu tinha um pouco de euros no bolso, e depois de uma vida muito dura na Alemanha, eu sentia que eu merecia ver isso”, lembra.
A viagem foi um divisor de águas. A namorada voltou para a Alemanha, mas Diego continuou desbravando roteiros diferentões pela Ásia. “Eu estava decidido: vou tentar gravar vídeos por um ano, ou até meu dinheiro quase acabar e só sobrar o dinheiro da passagem pra eu voltar seja pra Alemanha ou pro Brasil. E foi assim que começou, eu queria tentar. Eu queria mostrar a vida real, a simplicidade da vida, algo que não me dá ansiedade ao assistir, como alguém se entupindo de luxo ou fazendo parecer que a felicidade está num carro de R$ 1 milhão”, argumenta.
‘Ponto aleatório’
O roteiro de viagem feito por Diego não conta com um grande planejamento: “geralmente eu olho por montanhas com um verde bonito ou uma grande curiosidade que tem no lugar. Ou Coloco um ponto aleatório no google maps, e vejo se tem ônibus para lá”.
Por enquanto, Diego não anuncia quando voltará para o Brasil ou Alemanha. Há uma expectativa de monetizar melhor com o canal, conforme mais pessoas vão assistindo seus vídeos. No primeiro ano como youtuber, ele ganhou só R$ 500 (entre o ganhou entre monetização e os gastos), mas espera fazer melhor neste segundo ano.
“Em termos de saúde eu te digo que saí perdendo: senti que envelheci uns 5 anos em um, evitava e ainda evito comer mais que duas vezes no dia, pra economizar, procuro o lugar mais barato possível pra dormir, parei de fazer exercícios, porque no tempo livre estava gravando ou editando. Arrependi? Não. É óbvio que gostaria que fosse diferente, e pensei: OK, agora é o segundo ano, vou tentar mais e ver o que vai acontecer. Não tenho medo de dar errado, se der eu apenas volto pro brazil e começo a vender brigadeiros de novo pra levantar um dinheiro”, revela.
O feedback dos seguidores é positivo. Ele já recebeu até mensagem de "você está salvando minha depressão, te assistir me acalma, me faz sentir que vida pode ser simples". "Depois de ler recados como esses todos os dias, eu percebi que ser um veículo de comunicação assim pode fazer o bem, e isso preenche o coração demais".
Descobertas
Não faltam histórias para contar por meio de um celular. Diego chegou a viajar por Myanmar, um país em guerra civil. “Eu consegui entrar em alguns lugares de zona vermelha, porque eu estava por coincidência na comitiva do homem mais famosos do país, um ator, por coincidência eu tava no país no dia do terremoto, essa viagem rendeu até entrevista na globo pra falar do terremoto”, lembra.
O famoso em questão era Paing Takhon, ator que chegou a ser preso por participar de protestos da população contra o golpe militar.