Em meio aos protestos que acontecem no Equador por conta do alto custo de vida, a América Latina vive mais uma semana com seu ambiente político conturbado – um fenômeno na região marcada pelo colonialismo europeu.
Em Quito, indígenas protestam contra o aumento do custo de vida. Até o momento, quatro pessoas morreram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança. O país está semiparalisado e contabiliza um prejuízo diário de US$ 50 milhões.
Essa não é a primeira vez em que os indígenas protestam contra o aumento do custo de vida. A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), já liderou várias manifestações que levaram à queda consecutiva de três presidentes entre 1997 e 2005. Em 2019, uma onda de manifestações devido ao aumento dos preços dos combustíveis deixou 11 mortos e milhares de feridos em confrontos com a polícia.
Relembre, abaixo, outros protestos que marcaram a América Latina nos últimos anos:
Colômbia
Entre abril e julho do ano passado, o povo colombiano foi às ruas para protestar contra o aumento de impostos e uma reforma da saúde proposta pelo então presidente Iván Duque. A onda de manifestações fez o chefe do Executivo federal retirar o projeto seu projeto tributário – que entraria em curso em meio à pandemia da Covid-19.
Os protestos ficaram marcados por uma série de violações aos direitos humanos dos manifestantes. No total, 27 pessoas morreram e seis foram estupradas, além dos feridos.
As manifestações resultaram na eleição de Gustavo Petro neste ano – o primeiro presidente de esquerda da história do País.
México
O país mais ao norte da América Latina sediou uma série de protestos no Dia Internacional da Mulher – 8 de março – no ano passado. Os manifestantes reagiram diante de uma crescente de casos de violência de gênero e feminicídio.
Como resposta, o presidente López Obrador mandou colocar um muro de metal ao redor do Palácio Nacional, na Cidade do México, sede do governo federal, para conter possíveis invasões.
Como resposta, os manifestantes escreveram os nomes das vítimas de feminicídio e colocaram flores entre as chapas de metal. Obrador negou ser machista.
Peru
Lima vive uma constante tensão nos últimos anos. Uma das mais graves aconteceu em 2019, quando o então presidente Martín Vizcarra anunciou a dissolução do Congresso. Manifestantes ocuparam as ruas, e o Parlamento suspendeu o mandato de Vizcarra.
A crise política se estendeu até outubro de 2020, quando Vizcarra sofreu impeachment por ser "moralmente incompetente". Manuel Merino, presidente do Congresso, assumiu a Presidência, mas também foi mal recebido pela população, que o acusou de dar um golpe.
Chile
Assim como aconteceu no Brasil em 2013, os protestos no Chile começaram a partir de um reajuste na tarifa do transporte público em 2019. Estudantes deram início ao movimento, que depois se estendeu pela população.
Durante os protestos, os cidadãos colocaram fogo num prédio público de 20 andares e em várias estações de metrô. Mais de 3 mil pessoas foram presas, também com várias violações aos direitos humanos.
As manifestações duraram entre outubro e dezembro do ano passado. Mais uma vez, a onda resultou na eleição de um esquerdista: Gabriel Boric é o atual presidente do Chile, eleito no ano passado.
Argentina
No ano passado, os argentinos foram às ruas para protestar contra a pobreza e o desemprego em meio à crise econômica sofrida pelo País – muito agravada durante a pandemia. Grupos à esquerda conduziram as manifestações.
Nesta semana, nova mobilização no país vizinho: caminhoneiros cruzaram os braços diante dos altos preços do diesel e até mesmo da falta do combustível nas bombas.
Guatemala
Em novembro de 2020, manifestantes colocaram fogo no Congresso do país caribenho. Os protestos reuniram quase 10 mil pessoas na Cidade da Guatemala, capital do país.
A onda foi em resposta à série de medidas do governo local que provocaram cortes na sáude, educação e direitos humanos. Tudo começou a partir de um orçamento que incluía um vale-alimentação de US$ 65 mil para o Congresso – de maioria governista.
O presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, chegou a ser alvo de um pedido de renúncia por parte do seu próprio vice, Guilherme Castillo.
Venezuela
Em uma crise política, econômica e humanitária que dura anos, a Venezuela continua palco de protestos. O Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS)
aponta que 3.933 manifestações aconteceram no País contra a ditadura de Nicolás Maduro só no primeiro semestre do ano passado.
A vulnerabilidade social das famílias cresceu sobretudo após a pandemia. Os protestos foram contra um salário mínimo inferior a US$ 3 doláres em 2021.