O tribunal de Tóquio autorizou nesta quinta-feira (25) a libertação sob fiança do ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, preso desde o começo de abril quando foi detido pela segunda vez no Japão acusado de peculato.
O ex-executivo da indústria automobilística saiu com um passo firme, cercado por guardas, usando terno sem gravata, sob os flashes da mídia numerosa presente.
As condições impostas a Ghosn são severas. Por exemplo, só poderá ver sua esposa se o tribunal aprovar.
Segundo o ex-CEO, a restrição de contato com sua esposa é "cruel e desnecessário".
"Ninguém deveria ser indefinidamente mantido em confinamento solitário com o propósito de ser forçado a fazer uma confissão", disse Ghosn em um comunicado divulgado por seus representantes.
"Mas restringir as comunicações e o contato com a minha esposa é cruel e desnecessário", acrescentou.
A Procuradoria recorreu imediatamente da libertação, considerando "lamentável" que o tribunal tenha autorizado sua libertação "apesar do risco de destruição de provas", segundo um comunicado do procurador-adjunto.
O pagamento de uma fiança de 500 milhões de ienes (4,5 milhões de dólares) já foi feito.
Carlos Ghosn já havia pago uma grande quantia – um bilhão de ienes – para obter o direito de deixar o centro de detenção de Kosuge (norte de Tóquio) em 6 de março, após 108 dias de prisão.
Na ocasião, o ex-presidente da Renault-Nissan deixou a prisão disfarçado com um boné azul, um uniforme de operário, óculos e uma máscara protetora branca, com a intenção de passar despercebido, mas que o fez virar motivo de chacota.
O advogado idealizador dessa cena teve que se desculpar por esse "fracasso" que manchou a reputação de seu cliente.
"Insuficiência renal"
As razões para a sua libertação não foram divulgadas.
Os advogados de Ghosn destacaram um problema médico. "Ele sofre de insuficiência renal crônica e detalhamos essa informação em nosso pedido", explicou seu principal advogado, Junichiro Hironaka, no início desta semana.
Ele está sujeito a condições estritas: "prisão domiciliar, proibição de deixar o Japão e outras condições para evitar a destruição de provas e a fuga", segundo o tribunal.
Carlos Ghosn está na mira da acusação por seu suposto papel em um dos elementos do caso e por ter contatado os protagonistas do caso.
Durante a sua libertação anterior, Carlos Ghosn foi autorizado a ver sua família em um apartamento alugado em Tóquio, do qual não poderia se ausentar por mais de três dias. Ele vai voltar para a mesma casa, segundo seu advogado.