Mais de cinco meses se passaram desde o início da maior angústia da vida da psicóloga belo-horizontina Laurimar Pires, 38. No dia 11 de janeiro, sua filha de 9 anos foi levada pelo pai, sem seu consentimento, para a Nigéria. Após disputas na Justiça, ela foi autorizada a trazer a filha de volta para o Brasil de volta, na última quinta-feira. A previsão era que mãe e filha desembarcassem em Belo Horizonte nesta manhã.
“No dia 8 de maio aconteceu uma audiência na Nigéria, e a Justiça de lá se julgou incompetente para decidir a questão da guarda. Em seguida ele se escondeu com a criança e foi considerado foragido. A polícia conseguiu encontrá-lo, ainda em maio, e a Keké ficou sob custódia do consulado brasileiro”, relatou a advogada de Laurimar, Nádia de Castro Alves. Desde então, a psicóloga mineira ficou com a filha na sede do consulado, na cidade de Lagos, até obter autorização para voltar com a menina ao Brasil. “A decisão saiu ontem (quinta) e hoje (sexta) ela já havia embarcado. A Keké está bem, mas a mãe ficou muito cansada, embora feliz por estar com a filha”, comentou a advogada.
Na Nigéria desde 22 de abril, a psicóloga frequentou audiências no tribunal nigeriano à espera de que julgassem o pedido de guarda solicitado pelo pai da criança. Foi exatamente durante um encontro mediado por autoridades locais que conseguiu reencontrar Keké pela primeira vez, desde que ela foi levada.
O drama vivido pela mãe foi ainda acentuado quando, segundo ela, descobriu que o pai sequer vivia com a criança no país estrangeiro. “Desde que ele trouxe minha filha para a Nigéria, ele nunca morou com ela. Deixou que ela morasse na casa de parentes em uma cidade do interior. Foi na audiência do dia 26 que o juiz determinou que minha filha viesse para Lagos”, disse a mãe à reportagem no dia 9 de maio.
Histórico
No dia 11 de janeiro, Laurimar descobriu que sua filha estava na Nigéria. “Ele ficaria com ela no dia 9 (de acordo com a guarda). No dia 11 recebi um e-mail dele contando que estava com minha filha na Nigéria”, disse.
Desde 2016, corre na Justiça mineira um processo aberto pelo homem no qual ele pede autorização para levar a filha para a Nigéria. Em dezembro do ano passado, um juiz plantonista atendeu o pedido.
O homem deveria voltar ao Brasil com a menina no dia 3 de fevereiro, o que não aconteceu. No dia seguinte ao prazo, ele entrou em contato com a mãe por e-mail e enviou a cópia de uma ação movida na Justiça nigeriana em que ele teria conseguido a guarda da filha no país.
Para tentar reaver a guarda, Laurimar pediu licença do trabalho em Belo Horizonte, deixou uma filha pequena de um ano e precisou viajar para a Nigéria em abril.