O responsável por uma das principais crises vividas pelo governo da Rússia em 2023 pode ter morrido na queda de um avião nesta quarta-feira (23). O nome de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, está na lista de passageiros do Embraer Legacy que caiu no norte do país, ao realizar um voo entre Moscou e São Petersburgo, de acordo com o órgão russo de transporte aéreo, Rossaviatsia.
O mundo está de olho a este acidente porque Prigozhin foi o homem por trás de uma rebelião, em junho, contra o Estado-Maior russo e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. A situação foi bastante tensa e o Grupo Wagner capturou brevemente locais militares no sul da Rússia antes de seguirem para Moscou.
O líder do Wagner desistiu rapidamente desse motim, ocorrido em meio ao conflito na Ucrânia. A rebelião terminou na noite de 24 de junho, com um acordo que previa a partida de Prigozhin para Belarus. Pelo mesmo pacto, seus combatentes poderiam se juntar a ele no país vizinho, somar-se ao Exército regular russo, ou retornar à vida civil.
Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, é líder do Grupo Wagner, uma empresa paramilitar privada com fortes ligações com o Kremlin, com mercenários usados por Putin na guerra contra a Ucrânia.
'Chef do Putin'
Antes de se tornar chefe de um dos grupos mais influentes da Rússia, Yevgeny Prigozhin foi condenado, em 1981, a 13 anos de prisão por assaltos nas ruas de São Petersburgo, a mesma cidade de Putin que, na época, ainda se chamava Leningrado. Acabou solto em 1990, um ano antes do colapso da então União Soviética e se tornou vendedor de cachorro-quente na cidade de São Petersburgo.
Na época, o negócio de Prigozhin se expandiu e ele se aproximou de pessoas influentes do país e sua barraquinha deu lugar a um restaurante nos anos 1990. Um dos frequentadores era o então prefeito de São Petersburgo, que estava sempre acompanhado de um dos seus principais secretários: Vladimir Putin.
Após Putin chegar à presidência pela primeira vez, na virada de 1999 para o ano 2000, Prigozhin passou a cuidar dos banquetes dos eventos no Kremlin; ganhou o apelido de “chef de cozinha de Putin”.
Entretanto, o comportamento violento de Prigozhin chamou a atenção do presidente para outro fim. Para não envolver diretamente o Exército russo nos conflitos separatistas no leste da Ucrânia em 2014, Putin permitiu a formação de milícias pró-Moscou e Prigozhin, contrato para fornecer comida aos soldados começou a fornecer também mercenários. Surgiu o Grupo Wagner.
(Com AFP)