Solução

Betim e Contagem unem forças para viabilizar novo Rodoanel

Prefeitos da Grande BH lutam contra impactos negativos de projeto para corredor viário do Estado; audiência com MPs e prefeitos da região do Médio Paraopeba para debater proposta alternativa será no dia 4 de novembro

Publicado em 28 de outubro de 2021 | 03:00

 
 
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Mais um passo do movimento formado por prefeitos da Grande Belo Horizonte e do Médio Paraopeba para discutir um novo traçado para o Rodoanel Metropolitano foi dado nessa quarta-feira (27), em encontro dos prefeitos de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), e de Contagem, Marília Campos (PT), que representam as cidades mais afetadas pelo projeto do governo de Minas. Uma audiência pública, com a presença dos chefes dos Executivos dos municípios e de representantes dos Ministérios Públicos estadual e locais, será realizada no dia 4 de novembro para apresentar, de forma transparente e completa, o traçado alternativo, que, segundo Medioli, líder do movimento, é melhor que os dois já apresentados até o momento pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). 

Um dos pontos em debate no encontro dessa quarta (27) diz respeito à Área de Proteção (APA) Várzea das Flores, entre os dois municípios da região metropolitana. Ambos os projetos do Rodoanel, o do Estado e o alternativo, preveem que o corredor viário passe dentro da unidade de preservação. Mas, pela proposta dos prefeitos do Médio Paraopeba, o impacto na APA será menor, visto que a via passaria por áreas menos povoadas, e a extensão dela seria menor: cerca de 9,9 km. Já a do Estado prevê 13 km de rodovia, e o traçado estaria mais próximo ao espelho d'água da represa Várzea das Flores.

Segundo Vittorio Medioli, a proposta alternativa corrige equívocos da proposta apresentada pelo governo de Minas, causando menos impactos para Betim, Contagem, Ibirité, Sarzedo, São Joaquim de Bicas e outras cidades da região. “O projeto do governo não agrega nenhuma solução. Questões como a transposição de redes de água, esgoto, energia elétrica, fibra óptica são omitidas no projeto”, detalha o prefeito. “Pela proposta, serão criadas interligações entre as rodovias 381, 262 e 040, o que vão atrair investimentos, diversificar o parque logístico e também preservar o meio ambiente”, afirma Medioli. 

O projeto elaborado por Betim prevê ainda três pistas, sem necessidade de transposições, e outras benfeitorias complexas, com trânsito rápido e acessos diretos e sem interseções. A obra seria realizada com mais agilidade e menor custo porque seriam menos desapropriações, já que o traçado perpassa áreas rurais, e não urbanas, como prevê o projeto estadual. “A proposta do Estado já nasce ultrapassada e saturada, ao prever duas pistas”, declarou o prefeito.

A estimativa, segundo o Estado, é que a obra custe R$ 5 bilhões, sendo R$ 3 bilhões virão de acordo feito com a Vale e o restante de pedágios.

Contagem apoia mudança

A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), propôs que o traçado do projeto alternativo do Rodoanel contorne a área de preservação ambiental da Várzea das Flores em vez de adentrá-la, o que significaria um aumento mínimo na quilometragem projetada, segundo ela. 

Para secretários da Prefeitura de Contagem que acompanharam a reunião, a mudança evitaria “a impermeabilização da região e geraria ainda ganhos econômicos para a região que faz divisa com Esmeraldas e Ribeirão das Neves”. “Contagem e Betim precisam se unir para garantir o desenvolvimento sem trazer impacto negativo para a população. Não podemos permitir que o traçado do Rodoanel impacte a bacia de Várzea. É isso que faremos para impedir que ele traga qualquer impacto negativo”, disse Marília Campos.

“Deixamos a documentação para que seja feita uma avaliação ampla e coerente a fim de tomarmos uma posição que possa unir os interesses de Contagem, de Betim e de outros municípios”, afirmou Vittorio Medioli.

Compare os projetos

Estado: duas pistas; desapropriações atingindo benfeitorias já realizadas; fluxo de 200 mil veículos indo para Betim e Contagem; grande impacto na APA Várzea das Flores; maior tempo para execução das obras.

Alternativo: três pistas e sem grandes interferências em benfeitorias; menor custo com desapropriações (maior parte seria em áreas rurais, não dividindo bairros); interligação maior entre BRs; e menor impacto na APA Várzea das Flores.