Betim e região farão audiência pública por projeto do Rodoanel | O TEMPO Betim
 
Proposta alternativa

Betim e região farão audiência pública por projeto do Rodoanel

Prefeitos não aceitam imposição de trajeto da nova rodovia feito pelo Estado, que, segundo eles, é mais caro e ineficiente

Publicado em 27 de outubro de 2021 | 03:00

 
 
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Com o objetivo de sensibilizar o Estado e demais autoridades fiscalizadoras de Minas, prefeitos das cidades que fazem parte da Grande Belo Horizonte e do Médio Paraopeba pretendem se unir e realizar, no dia 4 de novembro, uma audiência pública para poder apresentar, de forma completa e transparente, o projeto alternativo de construção do Rodoanel Metropolitano, que será feito com recursos advindos do acordo com a Vale como forma de indenização pelos transtornos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. 

O prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), que encabeça o movimento, explica que a audiência será capaz de demonstrar que o projeto alternativo é melhor que os dois traçados que já foram tornados públicos pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). Segundo Medioli, a audiência pública das cidades, que terá transmissão ao vivo pelas redes sociais, contará com o apoio dos Poderes Executivo e Legislativo das comarcas afetadas, além de entidades privadas, associações de moradores, sindicatos, organizações não governamentais e representantes dos Ministérios Públicos estadual e locais. 

“O Estado deve ser considerado como entidade hostil ao bem-estar dessas cidades que serão afetadas pela construção desse Rodoanel. O que se mostrou até aqui não se trata de um Rodoanel, mas de uma travessia complicada, perigosa e totalmente onerosa para o erário público. Os projetos apresentados não levam em consideração o desenvolvimento de nossa região e colocam em risco a sanidade social das cidades, pois desconsideram um processo de urbanização que está sedimentado há décadas”, contesta Medioli.

Em Betim, o vereador presidente da Câmara, Klebinho Rezende (PROS), garante que a Casa, em comum acordo com os Poderes Legislativos de todas as cidades afetadas, terá um papel substancial na defesa dos municípios. “É inadmissível querer fazer uma obra dessa envergadura sem se analisar o projeto que temos em mãos. Estamos buscando a melhor opção dos pontos de vista financeiro, social, ecológico e do desenvolvimento sustentável”, diz.

Sem direito à contestação

Segundo Vittorio Medioli, a audiência realizada pelo Estado na Assembleia Legislativa de Minas não deu o direito à contestação e não foi capaz de garantir o livre debate, prejudicando muito as cidades que serão diretamente afetadas elo traçado definido pelo governo de Minas. “A audiência da Assembleia foi, na verdade, uma sabotagem às cidades do Médio Paraopeba. Os deputados escalados pelo governo impediram que os prefeitos tivessem voz ativa. Betim não pode concordar com essa situação e fará de tudo para que o projeto alternativo seja avaliado da maneira correta e que todas as dúvidas a respeito da idoneidade das decisões sejam tiradas”, protesta. 

Na opinião de Medioli, a alteração mais recente do projeto do Estado, que tira o impacto da área de proteção ambiental de Casa Branca, em Brumadinho, mas mantém a possibilidade de criar um caos nas divisas de Betim e Contagem, dá margens de contestação aos verdadeiros motivos para se insistir em um trajeto que é mais caro, não atende às demandas por melhores condições de tráfego na região metropolitana e também não leva em conta a vida dos moradores e o desenvolvimento no futuro próximo. 

Parlamentar sugere CPI

Para Klebinho Rezende, “é preciso investigar quais são as verdadeiras intenções do Estado”. “Acho inclusive que caberia a abertura de uma CPI pelos deputados para se saber o porquê de se insistir em um projeto que pode ser mais prejudicial do que uma solução, como realmente se espera de uma aplicação de verba pública como essa”, opina. "Temos um traçado que prevê três pistas, desapropriações mais baratas e um plano de logo prazo que garantirá sustentabilidade e desenvolvimento para toda a região, além de ser uma solução para o tráfego supercarregado das BRs 262 e 381”, argumenta Vittorio Medioli. 

Prefeitos da região do Médio Paraopeba ressaltam que o projeto do Estado precisa ser alterado. “A proposta alternativa é mil vezes melhor do que a do Estado, sob o ponto de vista rodoviário, pois melhora realmente o sistema viário para as cidades do Médio Paraopeba, que não foram contempladas pelo projeto do Estado. Como jogar 200 mil veículos dentro de Betim e de Contagem com uma nova rodovia? Em vez de resolver o problema do Anel Rodoviário, vai criar um novo problema. Então, tecnicamente, a proposta dos municípios é a melhor, e as cidades da região precisam ser beneficiadas, pois foi onde ocorreu a tragédia da barragem. Precisamos deixar o ego de lado e ouvir todos”, afirma o prefeito de São Joaquim de Bicas, Guto Resende (DEM). 

Comparativo 

O projeto do Estado para o Rodoanel Metropolitano prevê: duas pistas; desapropriações com interferências em benfeitorias; fluxo de 200 mil veículos indo para Betim e Contagem; grande impacto na APA Várzea das Flores, passando por áreas densamente povoadas; maior tempo para execução em função de desapropriações.

Já o projeto alternativo propõe: um traçado maior, mas com três pistas e sem grandes interferências; menor custo com desapropriações, pois a maior parte seria em áreas rurais, não dividindo bairros; interligação maior entre as BRs 381, 262 e 040; menor impacto na APA Várzea das Flores, pois traçado passaria em áreas menos povoadas.