Enfrentamento

Betim inicia segunda fase de pesquisa que mapeia o coronavírus

Serão realizados testes em mais 1.080 moradores de todas as regiões da cidade; estudo científico é uma parceria entre a Prefeitura de Betim e a UFMG

Publicado em 23 de junho de 2020 | 13:08

 
 
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Teve início, nesta terça-feira (23), a segunda etapa da pesquisa científica realizada pela Prefeitura de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, em parceria com Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que tem como objetivo mapear a circulação do novo coronavírus (Covid-19) na cidade. O levantamento contribuirá para dar mais suporte no desenvolvimento de novas ações de enfrentamento à pandemia no município. 

Assim como na fase inicial, serão realizados testes em 1.080 moradores de todas as faixas etárias, em todas as regionais da cidade. A previsão é que essa etapa seja concluída até quinta (25). 

As equipes de saúde já começaram a visitar os moradores, que foram escolhidos por meio de um sorteio em um programa de computador. Serão aplicados questionários e realizados dois testes: o rápido, que detecta se a pessoa teve contato com o vírus e criou anticorpos, e o rT-PCR, que mostra se o morador está com o vírus ativo no organismo naquele momento.

Nesta manhã, a família da dona de casa Shirley Gonçalves Pinto do Carmo, 41 anos, foi surpreendia com a chegada da equipe de testagem, no bairro Cachoeira. Na casa moram quatro pessoas e a escolhida para fazer o teste foi a filha mais nova, Lorrane Gonçalves do Carmo, de 14 anos, que teve o resultado negativo para a Covid-19. "Já tinha escutado os comentários de que estavam fazendo essa pesquisa, mas não imaginava que seríamos selecionados. Ficamos felizes com o resultado e agora é continuar tomando todos os cuidados, como o uso da máscara ao sair, a higienização das mãos e ficar em casa sempre que possível", afirmou Shirley.

"Não doeu nada e foi muito rápido. Só um leve incômodo mesmo, mas valeu a pena para saber se eu estava com o vírus ou não", ressaltou a jovem.

A expectativa é que, em três dias, sejam aplicados 2.160 testes. As amostras serão enviadas para o Laboratório de Biologia Integrativa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para análise. Os participantes receberão uma senha para acessarem o resultado dos testes.

"Estamos iniciando a segunda etapa desse mapeamento, sendo muito bem recebidos pelos moradores sorteados. A adesão está muito boa e a população já compreendeu a importância de participar dessa pesquisa, que auxiliará tanto o município quanto o Estado na tomada de decisões para o enfrentamento do coronavírus", afirmou a enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Cachoeira, Letícia Marques Santos.

Primeira fase

Divulgado na semana passada, o relatório preliminar da primeira fase da pesquisa, realizada entre os dias 2 e 5 deste mês, mostrou que 0,46% da população já teve contato com o coronavírus - o que aponta que para cada caso confirmado, outros 11 aconteceram sem notificação. “A proporção observada já era esperada de acordo com resultados de outras pesquisas internacionais. E esse resultado só foi possível de ser identificado por causa do investimento da Secretaria de Saúde de Betim nesse projeto", destacou o coordenador do Laboratório de Biologia Integrativa da UFMG, Renan Pedra. 

A primeira fase também detectou que 33% da população adulta jovem de Betim, entre 20 e 59 anos, possui alguma comorbidade, doença preexistente. “Isso os colocam em risco de essas pessoas poderem desenvolver o quadro grave da doença”, disse a enfermeira da Rede SUS Ana Valesca Fernandes, uma das coordenadoras da pesquisa. 

Outro dado é que 70% dos idosos acima dos 60 anos possuem comorbidades, muitos, mais de uma doença, como hipertensão, diabetes e cardíacas, fato que os coloca em grupo de risco muito alto de desenvolverem quadros graves da Covid-19 e precisarem de um leito de CTI.