Pedido

Betim vai acionar a Vale para reparação de danos causados pela lama do Paraopeba

Prefeitura afirma que enchentes de janeiro resultaram em impactos sociais e ambientais. CPI da Câmara apura os impactos das inundações de janeiro e relação delas com rompimento de barragem de Brumadinho

Publicado em 12 de abril de 2022 | 18:21

 
 
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A Prefeitura de Betim vai pedir a reparação pelos danos causados pelas inundações do rio Paraopeba em dezenas de moradias na região do Citrolândia, após as chuvas de janeiro.

Durante as primeiras oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lama - criada pela Câmara de Betim para apurar os impactos causados pelas enchentes do início do ano na região de Citrolândia e sua possível ligação com o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019 -, representantes do município disseram que vão um acordo com a mineradora para a reparação de danos e, caso não consigam, vão ingressar com ação na Justiça. 

"É uma questão urgente reparar os danos que a Vale vem gerando em Betim ao longo do rio Paraopeba. Tivemos na enchente um fenômeno que não era conhecido, de lama com rejeito de mineração, que invadiu cerca de 300 hectares do município, devastando casas, atividades econômicas à beira do rio e deixando toda essa área desertificada", disse o prefeito Vittorio Medioli. 

Entre as ações de reparação que serão propostas pela prefeitura estão a criação de um parque com mata ciliar às margens do Paraopeba, além de indenizações das famílias que foram atingidas diretamente pela lama.

"Isso vai permitir a recuperação do solo e da vegetação. Além disso, queremos que a empresa indenize as áreas que foram prejudicadas pela invasão da lama e também construa novas casas para transferir a população que foi atingida fortemente pra que isso não volte a acontecer", completou. "Essa CPI vai ajudar nesse processo de pedido de reparação com o trabalho que será feito", acrescentou.

O procurador geral de Betim, Bruno Cypriano, afirmou que as perdas materiais causadas epelas enchentes podem ultrapassar R$ 200 milhões. "Queremos demonstrar que esse crime (rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019) gerou novas consequências para Betim, em janeiro, com as chuvas. Vamos sentar à mesa com a Vale, apresentar os estudos que estamos fazendo sobre os impactos das enchentes e da lama, com o objetivo de buscar um acordo de reparação. Caso não haja esse acordo pelos danos sociais, morais que a população teve, ingressamos com uma ação na Justiça. Estimamos R$ 200 milhões a R$ 250 milhões de danos materiais. Até porque não foram apenas impactos físicos: os moradores tiveram problemas com questões de saúde na região do Citrolândia", explicou Cypriano.

O procurador também afirmou que o município aguarda o resultado das análises químicas da lama do rio que invadiu casas e ruas para anexar ao pedido de reparação. 

Próxima etapa
O presidente da CPI, vereador Professor Wellington (PSC), disse que a comissão vai ouvir mais testemunhas na próxima semana.

"A gente espera apurar, nas próximas oitivas, os danos ambientais causados. Para isso, vamos ouvir novas testemunhas. A comissão vem, desde o início, fazendo a juntada de provas para que a gente possa anexar isso ao relatório ao fim da investigação e também contribuir com o Poder Executivo nas ações que o município vai ingressar para a reparação dos danos", explicou. 

Procurada, a Vale enviou a seguinte nota:

"A Vale se solidariza com a população da Bacia do Paraopeba impactada pelas fortes chuvas que assolaram todo o estado de Minas Gerais. A empresa já realizou a coleta de material para análise e está conduzindo uma avaliação técnica sobre os eventuais efeitos causados pelos alagamentos ocorridos.

A Vale reforça ainda que em janeiro de 2022 atendeu a diversas solicitações do poder público de municípios da Bacia do Paraopeba, em caráter humanitário. Todas as demandas solicitadas e acordadas com as prefeituras já foram executadas para atendimento emergencial. Durante o período emergencial, a empresa também entregou na Bacia do Paraopeba mais de 480 mil litros de água, além de cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, colchões e EPIs".