Casos de Aids reduzem 30% em Betim em um ano | O TEMPO Betim
 
Saúde

Casos de Aids reduzem 30% em Betim em um ano

Em 2015 foram notificadas 291 pessoas com a doença, contra 203 no ano passado

Publicado em 07 de dezembro de 2017 | 22:05

 
 
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O número de casos de infecções causadas por HIV caiu em Betim no último ano. Em 2016, foram registrados 203 pacientes contaminados com a doença, 30% a menos do que havia sido contabilizado em 2015, quando foram notificadas 291 ocorrências. Neste ano, de janeiro a novembro, foram 123 notificações. A faixa etária com maior número de registros é a de adultos entre 20 e 39 anos.

Os dados da Secretaria Municipal de Saúde foram apresentados no mês em que é lembrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids (1º de dezembro). A redução aconteceu depois de o Brasil ter liberado, em 2014, o uso de remédios antiaids para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente da situação do sistema imunológico. Até então, a terapia era ofertada apenas em casos em que os números de células de defesa e que a carga do HIV circulante atingiam determinado patamar.

Aos 24 anos, Cleuza Antônia, hoje com 45 anos, descobriu que estava infectada pela doença. Na época, ela, que contraiu Aids do seu noivo, nunca se preocupou em usar qualquer tipo de preservativo. “Como eu namorava há muito tempo, não pensava nessas coisas. Confiava nele”, disse. A descoberta aconteceu somente depois que ela adoeceu. “Tive pneumonia por seis vezes seguidas e, depois, uma diarreia que durou um ano e quatro meses. Quase morri, cheguei a pesar 25 quilos. Mas Deus me deu uma nova chance de vida. Hoje, tomo oito comprimidos todos os dias e busco ter uma vida normal. Mas confesso que não aceito que estou doente”, revelou.

Além de notificações por HIV/Aids, a Secretaria de Saúde divulgou os dados sobre o número de óbitos de pessoas infectadas com a doença. Em 2015, foram 11 casos de óbito, contra 12 em 2016. Já em 2017 foram três notificações de falecimento na cidade.

Entre as crianças com até 14 anos, o número de casos cresceu no último ano. Em 2015 foram quatro notificações da doença, enquanto que, no ano passado, houveram sete – aumento de 75%. Em 2017, um caso foi registrado.

Apesar de os casos da doença terem diminuído em Betim, Yara Drumond, referência técnica do programa DST/Aids e Hepatites Virais, alerta sobre a importância de as pessoas serem informadas sobre a prevenção contra a Aids. “As campanhas são fundamentais para se fazer chegar à população a informação acerca da gravidade da doença, de como se prevenir corretamente da contaminação pelo vírus e da importância de um diagnóstico precoce”.

Para conscientizar a população sobre a importância de se prevenir e de se realizar o teste rápido, a prefeitura programou uma série de atividades ao longo de dezembro, em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade, como blitze educativas, orientações e palestras nos postos de saúde. As ações vão acontecer até o dia 30 de dezembro.

Prevenção e tratamento

O tratamento de pacientes com HIV/Aids é realizado em Betim no Serviço de Prevenção e Assistência em Doenças Especializadas (Sepadi). Os usuários contam com atendimento de médico infectologista e de equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos e assistentes sociais. Eles têm acompanhamento ambulatorial, realizam exames clínicos, fazem tratamento psicológico e recebem medicamentos antirretrovirais e para infecções oportunistas.

Teste rápido

Em Betim, o Serviço de Prevenção e Assistência a Doenças Infecciosas (Sepadi) oferece de graça à população o teste rápido para a pessoa diagnosticar se tem ou não o vírus. Os testes são feitos no Centro Especializado Divino Ferreira Braga e nas 34 nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Betim. Por mês, só no Divino Braga são feitos uma média de 50 testes.

“O teste é rápido e, em 20 minutos, se tem o resultado. É feito com uma gota de sangue da pessoa. Caso o resultado dê positivo, uma consulta é agenda para o que o paciente inicie o tratamento. Lá, ele é encaminhado para fazer um check up e exames específicos para saber sobre sua imunidade e carga viral. Depois, no retorno médico, é prescrito ao paciente toda a medicação”, explicou a enfermeira Rúbia Cristina Brandão.

O paciente recebe na farmácia do Sepadi, no Divino Braga, todos os medicamentos para o seu tratamento. São os chamados antirretrovirais, um coquetel de medicamentos que inibem a multiplicação do vírus e ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico, mas não cura a doença. “Os medicamentos são tomados por toda a vida e de forma ininterrupta”, completou.

Em caso de a pessoa passar por algum tipo de situação de risco, como relação sexual sem preservativo, ela é orientada a buscar as UAIs Sete de Setembro ou Teresópolis para solicitar o chamado “coquetel do dia seguinte”, um tratamento disponível para casos de emergência que visa evitar a infecção pelo HIV. Ele deve ser tomado em, no máximo, 72 horas após a situação. No entanto, o Ministério da Saúde alerta que o método não pode se transformar em rotina, pois é uma medida de exceção e não é 100% eficaz.