Raquel Rossi, 35, assessora parlamentar; Emanuelle Duarte, 38, auxiliar de secretaria; Priscila Campos, 34, empresária. O que essas três betinenses têm em comum? Todas foram diagnósticas com câncer de mama, doença que, todos os anos, acomete cerca de um milhão de mulheres no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.
No Brasil, o número de pacientes diagnosticados com câncer de mama vem crescendo assustadoramente e, hoje, a doença representa 25% dos novos casos de câncer que surgem por ano. Em Betim, esse tipo de câncer também tem acometido cada vez mais pacientes da rede pública de saúde. Só no primeiro semestre deste ano, foram descobertos 50 novos casos, enquanto que no mesmo período de 2016 foram registrados 31 casos – aumento de 61%.
Para chamar a atenção para esses dados e conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, que possibilita a cura em até 95% dos casos, foi criada a campanha Outubro Rosa. Em Betim, a prefeitura, em parceria com diversas entidades, programou uma série de atividades no mês.
“A campanha ajuda a alertar as mulheres sobre a importância de se fazer o autoexame. Sei que ele não isenta as mulheres de terem o câncer, mas a doença, se descoberta precocemente, pode aumentar em muito as chances de cura. É essa mensagem que tem que chegar às mulheres. Só depois que ela acontece com a gente, é que começamos a pensar sobre a importância de nos cuidarmos”, salientou Priscila Campos, diagnóstica com câncer de mama em estágio avançado. Hoje, curada da doença, ela faz apenas acompanhamento médico.
Já para Emanuelle Duarte, que descobriu a doença aos 35 anos, quando estava amamentando, e teve que passar por três cirurgias antes de se curar, o Outubro Rosa não pode ser lembrado só no mês de sua campanha. “A sociedade tem que abraçar o paciente oncológico a vida inteira”, salientou.
Diagnóstico precoce
A mamografia, exame que detecta o câncer de mama, aliado ao exame clínico e ao autoexame são considerados elementos essenciais para a prevenção de novas mortes pela doença, revela a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
“O diagnóstico cada vez mais precoce previne que essas mulheres tenham que fazer quimioterapia, passem por cirurgias mutilantes e até tenham que retirar toda a mama. Esse é o objetivo do Outubro Rosa, conscientizar as mulheres de se fazer o autoexame e, principalmente, de elas fazerem a mamografia anualmente, a partir dos 40 anos. Esse exame consegue diagnosticar nódulos menores, de até seis centímetros, e as microcalcificações, que são bem mais fáceis de se curar. Com o autoexame, só é possível identificar o tumor já está maior”, salientou Cláudia Márcia e Silva, a mastologista da prefeitura.
Projeto
Um dos projetos parceiros na programação do Outubro Rosa promovido pela Prefeitura de Betim é o Um Novo Amanhecer (UNA), coordenado por três mulheres e amigas, diagnosticadas com a doença. Juntas, Raquel Rossi, Emanuelle Duarte e Priscila Campos realizam visitas a outras mulheres que têm a doença, propondo a elas integração social com a convivência com outros pacientes e com a participação de oficiais com apoio psicológico.
“Quando iniciei meu tratamento, comecei a me deparar com as pacientes nos corredores dos hospitais e vi a necessidade de nos aproximarmos mais. Por mais que cada uma delas relatasse o apoio que recebia de familiares e do companheiro, às vezes, só nós conseguimos entender o que estamos passando e sentindo. Com o projeto, buscamos levar alegria e autoestima uma para a outra”, explicou Raquel Rossi, idealizadora do projeto UNA.
A assessora, que perdeu o pai com câncer, contou que não foi fácil receber o diagnóstico da doença. “Existe muito mito envolvendo o câncer. O que vem primeiro não é o soar de uma cura, mas de uma doença que traz muita agressões físicas, psicológicas e até a morte. Por isso, até eu escolher o caminho de guerrear e não o de entregar, trilhei um caminho muito difícil”, revelou Raquel, que atualmente está fazendo quimioterapia para tratar do câncer, de grau três, um dos mais agressivos.