
Demolição de prédio que tombou em Betim é concluída com segurança
Estrutura havia inclinado há nove dias e levava perigo aos moradores do entorno; mais de três máquinas foram usadas na ação
Projeto de uma vida inteira para muitos brasileiros, o sonho do imóvel próprio foi interrompido para 12 famílias do Edifício In Cairo, no bairro Ponte Alta. No dia 17, o prédio de 5 andares tombou depois das fortes chuvas e, após engenheiros da prefeitura terem concluído em vistorias que a construção tinha risco de colapso iminente, o prédio teve que ser demolido, na última quinta (26), por uma empresa contratada pelo município. Agora, o que fica é angústia dos 12 compradores, que aguardam um posicionamento por parte da empresa Abrahim Hamza Construção Eireli-ME sobre o ressarcimento do valor investido.
“Fiquei sabendo do que aconteceu por redes sociais. Foi terrível. A minha ficha só caiu quando fui lá e vi tudo de perto. Fiquei acabada, arrasada. Foi um sonho que foi destruído. Agora, estou aflita, sem saber o que fazer, como agir. Um dia depois de o prédio ter tombado, a construtora entrou em contato comigo, mas, depois disso, não se posicionou mais. Espero que tudo se resolva e que todos sejam ressarcidos, pelo menos no valor que investimos. No meu caso, eu parcelei a entrada, paguei tudo e, agora, iria financiar o restante”, contou a maquiadora Thaís Cassimiro Ribeiro, 30, que há cerca de dois anos comprou uma cobertura de 140 m² no edifício, avaliada em R$ 280 mil.
A demolição do edifício ocorreu com total segurança e foi totalmente custeada pelo município, que buscará ressarcimento do valor gasto. Os trabalhos duraram cerca de 11 horas e, além de 5 máquinas e 50 trabalhadores, a ação contou com o apoio dos bombeiros, da Cemig, da Copasa, do Samu, da Guarda, da Polícia Militar, além de vários setores da prefeitura.
“Os técnicos da Defesa Civil vão, agora, vistoriar as 15 casas dos moradores que tiveram que sair das residências para verificar se a estrutura delas não foi comprometida. Depois disso, se tudo estiver certo, eles podem voltar para suas casas”, esclareceu o superintendente de Defesa Civil, coronel Walfrido Lopes.
Até que a prefeitura conseguisse eliminar qualquer risco de queda do edifício, a decisão pela demolição virou uma guerra judicial. Um dia após o tombamento, o município se reuniu com a defesa da construtora e exigiu que a empresa realocasse as famílias e demolisse o prédio, conforme recomendou a Defesa Civil.
Mas, sem ter o retorno da construtora, a prefeitura contratou uma empresa especializada em demolições para executar o serviço e entrou com uma ação na Justiça pedindo que a construtora arcasse com todas as despesas que as famílias prejudicadas tiveram, e que indenizasse os moradores que foram afetados.
No entanto, mesmo a Justiça sendo favorável aos pedidos da prefeitura, a construtora chegou a solicitar judicialmente que fosse feita uma perícia judicial e que a derrubada fosse suspensa até lá, o que foi negado. No fim, o município venceu a batalha judicial em favor dos moradores e derrubou o prédio.
Pedido de "desculpas"
Em nota assinada pelo proprietário da Abrahim Hamza, a empresa declarou, na terça (24), que lamentava o ocorrido, mas não deixou claro sobre as futuras ações de possíveis ressarcimentos nem se manifestou sobre a demolição do prédio.
A construtora informou também que buscará, por meio de perícias, os motivos e os responsáveis “que deram ensejo a todo o infortúnio” e que compreende que houve transtornos às famílias ao redor do prédio.
“A empresa pede, desde já, sinceras desculpas a todos os moradores localizados ao redor do prédio, aos compradores e a toda população betinense, e agradece cordialmente a Prefeitura de Betim por tudo que está fazendo em prol dos moradores afetados”, disse a empresa por meio da nota.
Na quinta (26), dia em que o prédio foi demolido, a reportagem fez um novo contato com a defesa da construtora responsável pela obra. A advogada informou somente que vai fazer uma reunião com o proprietário da obra para, posteriormente, emitir uma nova nota.
Matéria atualizada às 22h30.

