Covid-19

Estado não aponta solução para matemática desigual de vacinas em MG

Governo de Minas não aponta solução para repasse desigual de imunizantes entre os municípios. BH vacinou 40% da população, mais que Ribeirão das Neves (13%) e Betim (21,4%)

Publicado em 18 de junho de 2021 | 21:22

 
 
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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) não apresentou, em reunião realizada nesta sexta-feira (18), com representantes do município de Betim, na região metropolitana, nenhuma solução concreta para resolver a desigualdade na distribuição de vacinas contra Covid-19 no Estado. Conforme reportagem de O TEMPO publicada na sexta, enquanto Belo Horizonte se aproxima de quase 40% da sua população imunizada com a primeira dose, outros municípios sofrem com escassez de vacinas, como é o caso de Ribeirão das Neves e Betim, que vacinaram, com a primeira dose, respectivamente, 13% e 21,4% do total de seus moradores, de acordo com dados do dia 17. 


Participaram do encontro desta sexta-feira o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti Vitor, o subsecretário de Gestão Regional, Darlan Venâncio Thomaz Pereira, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, e os secretários municipais de Saúde, Augusto Viana, e de Governo, Guilherme Carvalho. 


Segundo Viana, apesar da disposição do governo do Estado em tentar resolver essa matemática desigual, não foi apresentada na reunião uma solução concreta para a  reposição das doses que Betim e outros municípios teriam direito seguindo os crtitérios a partir da realidade de cada um, o que proporcionaria a equidade na distribuição dos imunizantes. 


"É preciso coragem para ajustar os gravíssimos problemas de proporcionalidade na distribuição das doses no Estado. Para se ter uma ideia, Belo Horizonte recebeu doses que correspondem a 122% da sua população com comorbidade, ou seja, a capital ganhou 22% de imunizantes a mais. A secretaria de Estado de Saúde disse que antes se baseava em números de campanhas de vacinação, como a da gripe, para fazer o repasse aos municípios, e que, agora, tomará como base o número de habitantes. Mas a grande questão é que estamos vacinando a população, desde o início desse ano, ou seja, existem meses de déficit no repasse de  vacinas aos municípios, e o Estado não apresentou como fará essa reposição  após assumir os erros dos critérios", afirmou o secretário. 


Ainda de acordo com Viana, Betim, assim como Ribeirão das Neves e outras cidades, reivindicam mais doses para se equiparar à capital mineira. Para isso, seriam necessárias 90 mil doses a mais em Betim, e outras 80 mil a mais em Neves. 


"Saímos da reunião sem uma proposta para reequilibrar as doses que foram repassadas a mais para alguns municípios e entregues em número muito menor para Betim e outras cidades. A SES informou apenas que irá estudar o assunto com a câmara técnica. Enquanto isso, a população de Betim fica sofrendo com o déficit de doses. Poderíamos estar mais avançados, como BH, que já está vacinando a população de 53 anos. Em vez disso, não estamos conseguindo imunizar a nossa população e estamos sofrendo com o aumento da taxa de óbitos na nossa cidade. Mais uma vez, volto a repetir que, sem uma atitude altiva, o Estado assume para si a responsabilidade de onde as pessoas vão morrer de Covid por falta de vacinas", disparou Viana.  


Para o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, o plano do Estado nitidamente não é baseado nas regras estatísticas, mas em critérios aleatórios. "Os números não coincidem. Enquanto Belo Horizonte recebeu mais doses do que o total de pessoas com comorbidades, nós nem conseguimos completar a vacinação desse público.  Retiraram da nossa cota  90 mil doses e isso gerou um atraso na imunização devido ao erro de planejamento e a distribuição de doses feita de forma discrepante até agora. Saímos insatisfeitos da reunião porque não foi apresentada uma correção para isso. O plano do Estado não é baseado em regras estatísticas, mas em critérios aleatórios.  O Estado tem autonomia para discutir e resolver essa discrepância e pedimos agilidade nisso".  (Com Lucas Moraes)

Estado confirma desequilíbrio 

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a ordem dos públicos prioritários a serem vacinados e os critérios para a definição do quantitativo de doses enviadas aos municípios é definido pelo Ministério da Saúde. "No entanto, foi observado um desequilíbrio na distribuição do grupo de comorbidades".


Segundo a SES-MG, para equilibrar essa diferença de doses recebidas entre os municípios mineiros, foi apresentada nova metodologia de cálculo e legitimada em colegiado, tanto no Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) quanto em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB SES-MG), espaços que contam com a participação de representantes técnicos da SES-MG, do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e do Ministério Público (MP).


Ainda de acordo com a SES-MG, a nova metodologia de distribuição de doses deste grupo é baseada na estimativa de que, em cada município, aproximadamente 14% da população de 18 a 59 anos correspondem à parcela de pessoas que se enquadram no grupo prioritário de comorbidade. Os cálculos levam em consideração a projeção populacional de 18 a 59 anos do IBGE/FJP de 2020. "Sendo assim, com as alterações feitas nos critérios de vacinação deste grupo prioritário, o município de Betim deverá receber aproximadamente o número de doses correspondente a 14% da população do município de 18 a 59 anos".


No entanto, a SES não informou como nem se irá repor o déficit de doses de Betim.