Ao percorrer, na tarde desta segunda-feira (17), a Colônia Santa Isabel, no Citrolândia, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes que castigaram Betim, na região metropolitana, nos últimos dias, o prefeito Vittorio Medioli (sem partido) voltou a chamar a atenção sobre os riscos que a comunidade corre com o resíduo que invadiu as casas e as plantações após o nível do rio Paraopeba ter baixado.
Durante a visita, que foi transmitida ao vivo pelas redes sociais de Medioli, o gestor afirmou que, mesmo estando há cinco dias trabalhando de forma árdua para limpar a região, as equipes da prefeitura não conseguiram realizar toda a limpeza, uma vez que os rejeitos são de uma lama diferente, mais pesada e extremamente grudenta, que esteriliza plantações. Segundo ele, a lama está contaminada com minério de ferro e outros materiais pesados e seria consequência do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido há três anos.
"Só ontem, 180 caminhões cheios dessa lama foram retirados daqui pelas equipes da prefeitura e não conseguimos limpar nem 5% de tudo o que precisa ser feito. Seria preciso mais de 10 mil caminhões. É um material pesado e grudento, que está aniquilando a região, e não acaba mais. As cisternas, as fossas sépticas e a rede de drenagem estão entupidas e terão que ser refeitas. Precisamos retirar milhares de toneladas de rejeitos das casas. A Vale que tem vir aqui para limpar esta lama contaminada. Não temos recurso nem material para dar conta de mexer nesse material excepcional. Esse minério assoreou o rio. Se tiver novos temporais, o problema sempre vai voltar. Não podemos pegar esse minério e jogar dentro do rio Paraopeba nem levar para um aterro, está tudo contaminado", disse o prefeito.
Análise do material
Nesta semana, os moradores do Citrolândia recolheram amostras da lama e enviaram para análise química do projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para confirmar cientificamente a contaminação e a origem dos rejeitos. "Isso aqui não é lama, é pesado, é minério. Aqui todo o ambiente foi destruído", dispara Medioli.