Tragédia em Brumadinho

Prefeitura de Betim propõe 22 obras para reparar danos causados pela Vale

Propostas com obras que reestruturarão Betim foram enviadas para o Estado, que definirá prioridades; município é um dos 26 atingidos pelo rompimento da barragem

Publicado em 24 de junho de 2021 | 22:35

 
 
normal

A Prefeitura de Betim enviou para o governo do Estado 22 projetos de obras de reestruturação do município como forma de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, que atingiu a Bacia do Paraopeba em 2019, afetando a cidade, principalmente o Citrolândia. Está previsto o investimento de R$ 239 milhões em melhorias para o município. Mas, conforme o acordo feito entre o Estado e a Vale na Justiça, todas as obras serão executadas pela mineradora.

As propostas feitas pela prefeitura contemplam obras importantes na área da educação, infraestrutura e saúde, muitas reivindicadas há vários anos. Entre elas estão a construção de dez unidades básicas de saúde; a estruturação da rede de urgência em Betim (UPAs); a ampliação do CTI do Hospital Regional; a construção de quatro escolas de tempo integral; de cinco viadutos e cinco trincheiras, além da abertura de uma via ligando diretamente a Colônia Santa Isabel à região do Bandeirinhas.

Além de Betim, outras 25 cidades atingidas pela tragédia, que vitimou 270 pessoas, também enviaram suas propostas. No total, foram 3.114 projetos apresentados ao Estado. A medida faz parte do Termo de Medidas de Reparação, assinado em fevereiro deste ano, entre Governo do Estado, Ministério Público de Minas Gerais, Ministério Público Federal, Defensoria Pública e a Vale. 
Segundo a Secretaria Municipal de Ordenamento Territorial e Habitação, em agosto, haverá uma consulta popular para o Estado definir quais projetos serão executados.

“A prefeitura encaminhou esses 22 projetos, e outros 79 foram enviados por parte da população. Ao todo, serão analisados 101 projetos de Betim. A prefeitura não teve acesso às propostas feitas pela população e nem vai ter o poder de definir quais obras serão realmente executadas. Essa decisão será tomada pelo governo estadual”, explicou o secretário Marco Túlio Freitas.

O gestor ainda enfatizou que o recurso também não virá para os cofres públicos, já que a Vale é que fará a execução das obras. “Primeiro serão priorizadas as obras nas áreas da saúde, agricultura e social. A previsão é que essas sejam iniciadas em novembro deste ano. Já o restante só será executada entre 2022 e 2023”, completou.

Para o prefeito Vittorio Medioli, o município escolheu obras nas áreas mais importantes. Ele ainda destacou que seria melhor se os próprios municípios pudessem executá-las. “Nós preferíamos receber o recurso para tocar as obras porque sabemos executá-las com prazo curto e com valores bem competitivos. Não temos uma boa experiência com a Vale, porque a VLI, que é da Vale, não realizou nenhuma obra em Betim (de acordo com resolução de 2013, a empresa deveria executar obras de transposição sobre a linha férrea). O que vemos é que quando a responsabilidade fazer é da própria Vale, as obras saem com recurso muito alto e com muito atraso”, disse.

Prejudicados

Dois anos depois da tragédia, os moradores da região do Citrolândia continuam sofrendo com os danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, que despejou quase 12 milhões de metros cúbicos de lama contendo metais pesados no leito do Rio Paraopeba, que servia de sustento para centenas de famílias dessa região em Betim. Muitos deles, que tiravam a sua subsistência do rio, continuam sem conseguir trabalhar. 

Integrante da comissão do Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab) e morador da Colônia Santa Isabel, Thomaz Nedson, disse que os moradores do Citrolândia, juntamente com entidades representativas da região, como o Morhan, apresentaram um total de 40 propostas. 

“O nosso objetivo foi apresentar projetos que agreguem às propostas de obras já feitas pela prefeitura para que ocorra o fortalecimento das políticas públicas na cidade nas mais diversas áreas. Nós entendemos que o município como um todo precisa dessas obras”, disse Thomaz Nedson.

Várias obras dos 22 projetos enviados pela prefeitura contemplam o Citrolândia, como a construção de uma escola de tempo integral, dois parques e a abertura de uma via de sete quilômetros que ligará a Colônia Santa Isabel à região do Bandeirinhas.