Panorama

Proporção de óbitos por Covid em mais jovens cresce 84% este ano em Betim

População da faixa etária entre 20 e 59 anos vítima do coronavírus em 2021 já representa 35% das vítimas na cidade; em 2019, eram 19% do total das mortes

Publicado em 06 de maio de 2021 | 23:12

 
 
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Assim como aconteceu em todo o país, o número de óbitos da população mais jovem infectada com a Covid-19 aumentou este ano em Betim. Segundo dados informados pela prefeitura, somente nos quatro primeiros meses de 2021, 35% das mortes por coronavírus no município foram de betinenses entre 20 e 59 anos. 

O índice é 84% maior que o registrado em 2020, quando as pessoas dessa faixa etária representaram 19% dos óbitos do ano passado. 

Entre janeiro e abril deste ano, 175 pessoas entre 20 e 59 anos morreram em Betim com Covid. Em 2020 inteiro (nove meses de pandemia), foram 75. Mudanças de comportamento na prevenção e as novas variantes são algumas das hipóteses levantadas por especialistas. 

“É uma tendência que está acontecendo no país inteiro e que se repete em Betim, que são pessoas mais jovens sendo acometidas pela doença em proporção maior do que antes. Isso mostra que o vírus não tem predileção por apenas idosos e pessoas com comorbidades. Ainda está sendo estudado, mas há a hipótese de que as novas variantes sejam mais transmissíveis e agressivas, e qualquer cidadão pode vir a desenvolver a forma grave da Covid. O vírus é cruel e não está escolhendo idade”, afirmou o médico e secretário adjunto de Assistência da Saúde, Hilton Soares. 

A faixa etária entre 40 e 49 anos foi a que apresentou maior aumento de óbitos por coronavírus. Foram 50 este ano contra 15 em todo o ano passado: 233% de crescimento. Pessoas dessa idade representam atualmente 10,2% das mortes este ano, sendo que, em 2020, eram 3,2%. 

Mais letal
Além do aumento de mortes de pessoas mais jovens, Betim também registrou mais vítimas só nos quatro primeiros meses deste ano do que em 2020 inteiro. Foram 490 óbitos de janeiro a abril contra 394 no ano passado – esse total foi fechado antes dos balanços desta semana. 

Abril foi o mês mais letal da pandemia até o momento, com 238 registros de mortes por Covid em residentes do município. Com isso, ultrapassou março, que tinha registrado 207. Ou seja, de um mês para o outro, o aumento foi de 15%. 

Se por um lado o número de vítimas aumentou, por outro, os idosos com mais de 60 anos estão sendo menos vítimas da Covid proporcionalmente. O número total de óbitos este ano (313) foi menor do que em 2020 (quando foram 317), e a proporção em relação ao total também caiu de um ano para outro: de 80% das mortes totais por Covid no ano passado para 63% este ano. 

“Estamos percebendo que, nas últimas semanas, ocorreu uma redução de procura de idosos por atendimento e também por leitos, e isso pode ser reflexo da vacinação. No entanto, os pacientes mais jovens estão demandando mais atendimentos e ficando muito tempo em leitos de UTI. Por isso, não se pode baixar a guarda da prevenção, pois, apesar do avanço da vacinação, estamos em um nível alto de mortes. Quem se vacinou pode continuar a transmitir o vírus. É preciso manter todos os cuidados”, concluiu Soares. 

Sepultamentos
O impacto da pandemia de Covid-19 reflete também no aumento do número de sepultamentos. Nos quatro cemitério públicos administrados pela prefeitura – Cachoeira, Nossa Senhora do Carmo, Colônia Santa Isabel e Citrolândia –, a quantidade de enterros entre janeiro e abril deste ano foi 77% maior que a registrada no mesmo período de 2020. 

No primeiro quadrimestre de 2021, foram sepultadas 1.085 deste ano no município contra 611 no ano passado, período em que não havia ainda impacto da pandemia. 

Em abril, foram 337 enterros, alcançando um novo recorde na cidade, dois a mais do que em março (335). 

No mês passado, inclusive, os enterros de vítimas confirmadas ou suspeitas de Covid superaram os sepultamentos por outras doenças e motivos: foram 185 devido ao coronavírus e 152 por outras causas. 

“Desde o fim do ano passado, o número de sepultamentos nos cemitérios públicos apresentou um aumento. Mas, a partir de março, realmente, a quantidade assustou. Está sendo uma média de dez enterros por dia, enquanto que, antes da pandemia, eram cinco, seis. Anteriormente, a média mensal variava de 150 a 170 enterros, e, agora, mais de 335”, constatou o responsável pela gerência de cemitérios vinculada à Empresa de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transporte e Trânsito (Ecos), Márcio Aurélio Martins.

Só este ano, o número de sepultamentos nos cemitérios públicos (1.085) representa 52% de todo o total registrado em 2020 (quando foram 2.062).