Um dos monumentos históricos mais antigos de Betim e símbolo da cultura africana, datado de 1896, a igrejinha do Rosário recebeu, desde a última quarta-feira (16), uma iluminação especial, com tons amarelos. A iniciativa feita pela prefeitura visa chamar a atenção da população para a campanha Setembro Amarelo – que tem como objetivo conscientizar quanto à prevenção ao suicídio.
Ao todo, 12 pontos de luzes amarelas e quatro refletores foram instalados na parte externa da igrejinha. Com a ação, Betim passa a participar de uma iniciativa do governo federal, que visa incentivar os municípios a contribuírem com a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. “Os transtornos mentais também matam e essa ação visa chamar a atenção da sociedade para a prevenção do suicídio. Precisamos acolher essas pessoas e preservar suas vidas”, disse o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Hilton Soares.
Em todo o mundo, cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos – o que equivale a uma morte a cada 40 segundos, conforme relatório divulgado no ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em Minas Gerais, em 2019, 1.905 pessoas tiraram a própria vida, sendo 1.050 apenas de janeiro à julho. Neste ano, com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que transformou vidas e rotinas devido o isolamento social, o número chegou a 1.053 até julho, de acordo com dados do Observatório de Segurança Pública do Estado.
Em Betim, segundo dados da Prefeitura, em 2019 foram registradas 14 tentativas de suicídio e outros 15 foram consumados. Em 2020, de janeiro a agosto, o número de tentativas chegou à 25, e pelo menos sete pessoas tiraram a própria vida na cidade.
Acolhimento
Prestando apoio emocional e de prevenção do suicídio há 58 anos, o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza atendimento voluntário gratuito por telefone, e-mail ou chat – sob sigilo a todas as pessoas que querem e precisam conversar. “Costumamos falar entre os voluntários ‘quem dera todo mês fosse Setembro Amarelo”, por que é como se a campanha nos desse uma permissão para falarmos sobre tema. A iniciativa é realmente muito necessária, pois ganhamos visibilidade e, com isso, conseguimos ajudar mais e mais pessoas”, pontuou a voluntária do CVV, Norma Moreira.
Em mais de 20 anos atuando na entidade, ela ressalta que o que as pessoas precisam é de serem ouvidas. “Quando a pessoa em sofrimento encontra alguém com quem possa desabafar e tem sua dor compreendida e aceita sem julgamentos, ela começa a refletir e buscar outras saídas. Precisamos nos aproximar e aprender a ouvir o outro”, pontua.
Especialista ressalta que é importante falar sobre o tema