Mesmo com as inseguranças e preocupações causadas pela pandemia do coronavírus, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve o calendário eleitoral desse ano. Com isso, encerra no próximo sábado (4), o prazo para registro de filiações partidárias de quem deseja disputar as próximas eleições. Faltando dois para a conclusão, as direções partidárias e caciques políticos seguem a todo vapor com suas articulações. Alguns, ainda tentam montar suas chapas a fim de conseguir fazer pelo menos uma cadeira na Câmara Municipal. Outros, trabalham para ampliar o possível número de suas legendas no legislativo. Entre uma coisa e outra, há sempre atropelos e atritos entre as legendas, no vai e vem de candidatos. Esse ano, um desafio a mais: está em vigor a regra que proíbe coligações partidárias entre as legendas.
A equipe do jornal O Tempo Contagem fez contato com dezenas de “montadores de chapa”, para conhecer a avaliação de como pode ficar a composição partidária da próxima legislatura da Câmara Municipal. Como as conversas seguirão até sábado, trata-se de uma prévia do cenário de hoje, quinta-feira (2). Em dois dias muita coisa pode mudar.
Exímio montador de chapa, o vereador Arnaldo de Oliveira (PTB) monitora as investidas do grupo do atual prefeito contra sua chapa. Arnaldo e Alex de Freitas tem diferenças antigas e, recentemente, foram aprofundadas. Nos bastidores, o governo tem pressionado os correligionários ligados a prefeitura a mudar de legenda. Em outra frente, encoraja importantes apoiadores a lançarem candidaturas. É o caso, por exemplo, do atual secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino.
Outra investida do governo é sobre o vereador Rogério Marreco. Correligionário de PTB, Marreco lançará seu filho, mais conhecido como “Gegê”, e não disputará a vereança. Ainda segundo informações de bastidor, Marreco sofre pressão do governo para lançar a candidatura do seu filho no Cidadania, partido que hoje abriga o vereador Caxicó, sogro do prefeito.
O Cidadania, por sua vez, além do vereador Caxicó, abrigará o vereador Xexéu. Os pré-candidatos do Cidadania estão apreensivos com duas filiações de última hora: a já mencionada filiação de Gegê, ou do secretário de Trabalho e Geração de Renda, Fredim.
Acredita-se que nenhum partido, pela atual regra eleitoral, vá fazer mais de duas cadeiras. Logo, a expectativa é que no Cidadania elejam apenas detentores de mandato. E, num cenário em que a legenda venha a abrigar três vereadores, um ficará de fora.
Outro partido que sofre ataque do grupo do governo é o Solidariedade. O vereador Alex Chioddi também manteve com Alex de Freitas uma relação de “guerra e trégua”. Para o prefeito, porém, chegou a hora da desforra. O padrão é o mesmo: “orientação” de candidatos ligados ao governo, para que disputem eleição em outra legenda. Um dos pré-candidato da legenda, o comerciante João do Panda, vem denunciando o “ataque” em suas redes sociais. “Deus abençoe nosso adversários que queiram nos prejudicar. Estamos mais fortes”, publicou.
Para o governo, o Solidariedade tem outro agravante: abriga a candidatura de Mauricinho do Sanduiche, um dos mais combativos opositores do prefeito. “No que depender de nós, vai continuar só nos sanduiches”, disse um integrante do governo.
Por hora, o Partido Verde continua com a presença de três vereadores, com a tendência de que um perca o mandato. É a lógica que vale para todos os partidos: quanto mais difícil fica para os demais pré-candidatos disputar uma cadeira na Câmara, menos empenhados esses ficam na busca de votos, o que reflete na soma final da legenda. Em partido com três vereadores, mais desmotivado fica o “rabo da chapa”, como é comumente conhecido.
Algumas legendas podem terão dificuldades pelo excesso de “grandeza”. É o caso, por exemplo, do Republicanos. Há meses a legenda vem formando o que foi chamado de “chapão da morte”. Reuniram vereadores e ex-vereadores, todos com expressiva votação. Dos atuais vereadores, Jair do Tropical e Vinicius Faria. Jander Filaretti, Decinho Camargos e Rodinei Ferreira, na fila dos ex-vereadores. Também gravitam em torno da legenda, a espera de uma definição, os vereadores Capitão Fontes e Pastor Itamar.
Recentemente, o Republicanos anunciou a pré-candidatura do vereador Wellington Ortopedista à prefeitura. No acordo, Ortopedista, embora tenha se elegido pelo PDT, trouxe o PSC. Lá, no PSC, acreditasse que terá a acomodação de um, ou dois vereadores. E aí reside o impasse: o grupo de pré-candidatos da legenda começou a debandar. Buscam em outras siglas condições de disputar uma cadeira na Câmara, não querem apenas somar votos para a eleição de um já detentor de mandato.
Com a expectativa de que também no Republicanos eleja-se apenas 2, a aposta é que Deise Silva se eleja, e Vinicius Faria consiga retornar à Câmara. Existem variações nesse resultado, a depender de quem avalia a chapa. Consenso apenas é que Deise Silva será a mais votada da chapa e, Jair do Tropical, porém, é citado por ninguém como possível reeleito.
A vereadora Glória da Aposentadoria encontrou abrigo, por fim, no PSDB. Eleita no PRB, quase filou-se no PSD do senador Carlos Viana, mas acabou ficando no ninho tucano. Ela tem se empenhado na montagem da chapa, agora na reta final. Faz dezenas de ligações diariamente, convidando candidatos já testados em urna, e estimulado novas candidaturas. Tem tido pouco sucesso.
A avaliação da maior parte dos montadores de chapa é que a vereadora mais votada da última eleição perderá seu mandato por falta de quociente partidário. Tal como da última eleição, quando o PSDB, com dois vereadores, Fredim e Eduardo Sendon, não elegeu nenhum.
O PL, que tem Welligton Silveira como pré-candidato à prefeitura, trabalha com a expectativa de eleger dois vereadores. A primeira cadeira é do atual presidente da Câmara, Daniel Carvalho. Muito habilidoso, Silveira se empenhou pessoalmente na montagem da chapa.
Como já noticiado, o PTC, do vereador Alessandro Henrique, “desaposentou” o ex-prefeito Ademir Lucas. Candidaturas a prefeito, historicamente, contribuem com votos de legenda, o que ajuda na formação do quociente eleitoral. Ainda assim, pela avaliação dos montadores de chapa da cidade, a legenda terá dificuldades de fazer uma cadeira.
Da mesma forma o PSD, que tanta ajudar a montagem da chapa com a pré-candidatura do deputado estadual Rafael Martins. Com isso a chapa de vereadores tem conseguido formar quociente partidário que consiga uma vaga no legislativo municipal.
O MDB, que na última eleição elegeu dois vereadores, hoje caminha para eleger apenas um. Sem susto e sem drama, a chapa está montada para reeleger o vereador Teteco.
O Progressistas do vereador Daniel do Irineu, ferrenho opositor do prefeito Alex de Freitas, organizou-se com lideranças novas, tendo atraído muitos crítico e opositores do atual prefeito. Daniel, que dos vereadores da Câmara é o que melhor utiliza as redes sociais na divulgação do seu mandato, tende a ser um dos mais votados, segundo avaliação quase unanime de todos os montadores de chapa da cidade. Tanto o número de votos do cabeça de chapa, quanto a própria expectativa desse número ajuda bastante na formação do quociente partidário. Que o Progressistas também faça duas cadeiras é uma avaliação consensual.
Tendo como pré-candidato à Prefeitura de Contagem o deputado estadual Professor Irineu, o PSL também caminha para fazer duas cadeiras. Inconteste articulador político, Irineu trouxe para a legenda lideranças do campo da segurança pública e lideranças religiosas, o que contribuirá com a formação de duas cadeiras.
À ESQUERDA
Boa parte dos partidos de esquerda gravitam em torno da candidatura da deputada estadual e ex-prefeita Marília Campos. Por hora, com algumas exceções. Dentre elas o PDT, cuja estimativa é que faça apenas um candidato, ou seja, reeleja apenas o vereador Ivayr Soalheiro.
Com a candidatura de Marília Campos ajudando nos votos de legenda, o PT caminha para reeleger o vereador Zé Antônio, e faz mais uma cadeira. Nos bastidores, Monique Pacheco aparece entre as mais cotadas para a segunda vaga. Monique disputou as eleições de 2016 como candidata a prefeita do PSOl, tendo boa votação. Hoje conta com o apoio de lideranças do PT de Contagem, como a ex-secretária-adjunta de habitação, Gláucia Helena. Integrante da Articulação (uma das correntes internas da legenda) Pacheco terá o apoio, em sua candidatura, do deputado federal Patrus Ananias e do deputado estadual André Quintão.
O PCdoB vive momento dramaticamente oposto ao da eleição de 2016, quando conseguiu quatro cadeiras. Atualmente, acredita-se que a legenda não faça nenhuma.
O PSB vem se reestruturando, após um traumático processo de rompimento com o atual prefeito, tendo, inclusive, expulsado o vice-prefeito William Barreiro da legenda. Com toda dificuldade, o partido se organizou e caminha para eleger um vereador.
Mas como já dito, em dois dias muita coisa pode, e vai mudar.
- O Tempo Contagem
- Artigo
Quadro eleitoral é definido até sábado
Reta final de montagem de chapas agita a cena política de Contagem, confira o que acontece nos bastidores de Contagem
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp