O dia 15 de maio de 2019 entra para a História do Brasil. Um país onde há muitos que questionam as pessoas irem às ruas para lutarem por seus direitos. Sim, lutar pela garantia do que está previsto na Constituição Brasileira virou sinônimo de baderna, bagunça para algumas pessoas que usam as redes sociais para destilarem seu veneno ao invés de também ir à luta. O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2017 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial.
Neste Brasil dominado pelas bestas das redes sociais a “culpa” tende a cair sobre o profissional docente. Infelizmente os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais. No dia 15 de maio, foram registradas manifestações em todos os estados do Brasil contra o corte de verbas do Ministério da Educação nas universidades federais. O MEC bloqueou 24,84% dos gastos não obrigatórios dos orçamentos dessas instituições. O valor é destinado para pesquisas, a compra de materiais básicos e o pagamento de contas de água e de luz. Mas, para Bolsonaro, os milhares que foram às ruas são “militantes” que “,Não tem nada na cabeça” (…) São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona, que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil", afirmou o presidente.
Hoje sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), foi divulgado , pelo ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O país ainda não atingiu as metas nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio e ainda querem cortar mais, justamente onde começa a caminhar no sentido de melhorar.
Os resultados com os estudantes dos anos iniciais (1° ao 5° ano) do ensino fundamental foram os únicos em que as metas ficaram acima do planejado, atingindo 5,8. Nenhum estado atingiu a meta no ensino médio, o projetado era 4,7 e foi alcançado 3,8. Formação com muita teoria e distante da realidade são um dos principais problemas da Educação e sem investimento vai piorar sim. As universidades começam a repensar as formações, e a questão é muito mais grave, por outro lado, no ensino médio. O Brasil precisa fazer uma mudança absolutamente necessária na qualidade da educação e essa mudança passa por uma formação que dialogue com o chão da escola. Justamente os professores, a comunidade escolar que saiu ás ruas lutando pelo direito de seguir aperfeiçoando e melhorando as condições básicas da Educação. As desigualdades nas redes municipais, estaduais e particulares devem ser compreendidas para a compreensão do resultado educacional.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou para o dia 30 uma continuação da paralisação nacional em defesa da educação, deflagrada nesta quarta-feira, 15. A estimativa é de que mais de 1,5 milhão de estudantes tenham ido às ruas em todo o País. Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) estima que o número de pessoas nas paralisações passou de 2 milhões e que até o final da noite chegue a 5 milhões. Para a organização sindical, o movimento foi um "esquenta" para a greve geral prevista para o dia 14 de junho. Os protestos foram realizados em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal ao longo do dia. A UNE afirma que Rio de Janeiro e São Paulo reuniram o maior número de pessoas, cerca de 200 mil e 500 mil, respectivamente. Segundo a entidade estudantil, todas as universidades e institutos federais paralisaram. 90% das escolas federais também aderiram à paralisação.