Talvez nunca o Dia Internacional da Mulher tenha sido tão comemorado no Brasil quanto neste ano. Em todo o país, foi intensa a mobilização das mulheres para as suas causas, fazendo os Poderes constituídos se posicionarem, inclusive tomando decisões objetivas de proteção a esse gênero. Ao mesmo tempo, nem durante essa celebração, os agressores de mulheres deixaram de cometer crimes contra elas. Os registros de violência não cessaram, ao contrário, parece que a epidemia de brutalidade instalada no país recrudesceu, atingindo marcas até agora não imaginadas. Por que isso acontece? Segundo Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a igualdade de gênero reclamada pelas mulheres está provocando a violência. A frase é ambígua, podendo tanto dizer uma coisa como outra, estar a favor e contra as mulheres. A luta pela igualdade de gênero pode estar exacerbando a agressividade dos homens, na medida em que representa uma ameaça a seu protagonismo social, que remonta à colonização do Brasil. Mas pode também querer dizer que as mulheres não estão sabendo qual é o seu lugar na sociedade brasileira.
Esse lugar, de acordo com a confissão religiosa da ministra, é o ambiente doméstico, em que não há competição com o homem e este deve ser o senhor absoluto da casa, mesmo que tenha dificuldade de nela exercer seu poder, devido certamente às inconstâncias do mercado de trabalho.
Não por acaso é que grande parte das agressões ocorrem no ambiente doméstico e têm motivação fútil, envolvendo pessoas que até aquele momento mantinham uma relação de companheirismo. A crise econômica, desestruturando a família, é, com certeza, um fator que dispara a violência. Antes de um ato extremo, como o assassinato, a mulher sofre agressões, que muitas vezes não denuncia. São o sinal de que as relações estão se deteriorando e de que ela precisa buscar socorro, junto a outras mulheres, às organizações sociais ou às instituições do Estado. A luta das mulheres não vai recuar. Atingiu um estágio em que sociedade está à frente do Estado e da lei.
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A luta das mulheres
Os registros de violência não cessaram, ao contrário, parece que a epidemia de brutalidade instalada no país recrudesceu, atingindo marcas até agora não imaginadas
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