Conversando com pessoas que não estão diretamente envolvidas com a disputa política, percebe-se uma saturação a respeito da campanha eleitoral. Diferentemente dos torcedores que assistem aos debates e aos programas eleitorais para depois defender seu candidato nas redes sociais e seus círculos de convivência, grande parte se mostra farta de tudo isso. Ninguém aguenta mais tanta denúncia de corrupção, casos de nepotismo e, após os últimos dois debates, malfeitos da vida pregressa de um ou de outro postulante ao cargo mais importante da República.
Neste finalzinho de segundo turno, as campanhas se igualaram em podridão e se nivelaram por baixo. As assessorias conseguiram neutralizar os discursos de ambos os candidatos, e não há mais, na altura do campeonato, baluartes de correção.
Pior é saber que o clima de agressão não irá sofrer qualquer alteração nesta última semana. Pelo contrário, espera-se uma nova e mais agressiva enxurrada de ataques pessoais.
A estratégia dos candidatos de se agredirem mutuamente deve permanecer, afinal, como os próprios institutos de pesquisa vêm atestando, não há mais espaço para convencer ninguém por meio da construção de propostas.
Também, com o placar completamente indefinido, um e outro já não imaginam propor nada. Querem mesmo é arrancar sangue na tentativa de manter seus votos e avançar para cima do adversário com os dentes cerrados, arrancando, à força, os minguados votos que darão a vantagem necessária à vitória.
As explorações ocorridas após o encontro no SBT são exemplos disso. Dilma passa mal durante uma entrevista, e fanáticos azuis são capazes de imaginar que se trata de uma estratégia de marketing para sensibilizar a dona de casa.
Por outro lado, Dado Dolabella desfere uma besteira qualquer na rede, e os lunáticos vermelhos tomam como pensamento de Aécio a verborragia de um ator em decadência que há muito sobrevive na mídia por meio de factoides.
Parece mesmo que neste estágio em que a campanha se encontra não há outra forma de conquistar votos ou pelo menos anular alguns deles se não for por meio da pancadaria.
Os que se mantêm distantes da campanha, por desinteresse, falta de tempo ou pura antipatia, continuarão detestando o cenário, mas, não adianta, terão que tolerar a longa e confusa semana que se inicia amanhã e tomar a decisão.
A cristalização dos votos já ocorreu. O empate técnico será desfeito nas horas finais. Algo em torno de 6% a 9% do eleitorado que está indeciso e que ainda pode mudar de ideia até o dia 26 é quem vai entregar a faixa presidencial.
Enquanto isso, aquele que não quiser ser taxado de petista ou tucano é bom evitar roupas vermelhas e azuis. É nisso que se transformaram as eleições de 2014: um jogo entre rivais, e não mais uma disputa em que se deveria discutir o futuro do país. O direito de votar nulo é quase sempre mal interpretado e percebido como atitude aloprada e antipatriótica, mas, com candidaturas tão semelhantes, é ato que não pode ser desconsiderado.
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