Um homem entrou armado, ontem, na catedral de Campinas e matou quatro pessoas, suicidando-se em seguida. O atentado foi cometido com arma de fogo por um indivíduo que atirou indiscriminadamente em pessoas que nada tinham a ver com seu drama.
No país onde, diariamente, mulheres e, algumas vezes, até mesmo seus filhos são mortos por maridos ou ex-companheiros inconformados com a rejeição, crimes cometidos por atiradores são incomuns e, por isso, ainda trazem perplexidade.
Já nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, os ataques ocorridos em igrejas, escolas e áreas públicas são corriqueiros. O ódio desses assassinos não foca familiares, mas é destinado a todos os outros cidadãos que, por acaso, atravessam seu caminho. A chacina tem maiores dimensões.
Por isso, o episódio de Campinas traz preocupação, sendo talvez um gesto imitativo, movido por um sentimento difuso, possivelmente uma raiva do mundo ou da sociedade, que não corresponderam às expectativas como o amor, o sucesso ou a felicidade do autor. Quem sabe até pode estar ligado à religiosidade.
Não temos ainda a escala de assassinatos similares dos EUA, mas se observa um número crescente desses incidentes, principalmente em escolas, envolvendo estudantes mentalmente confusos. Por aqui, uma emblemática tragédia marcou a cidade de Janaúba, no Norte de Minas, em 2017, quando um vigia incendiou uma creche, matando 14 pessoas – crianças e professora.
No Rio, em Realengo, em 2011, outro caso a ser lembrado: um estudante assassinou 12 pessoas.
É importante que esse fenômeno seja imediatamente prevenido. A escala desses assassinatos entre nós está aumentando.
Apesar de porte e posse de armas serem restritos no Brasil, em São Paulo, Estado onde se localiza Campinas, são vendidas por hora seis armas de fogo para civis. E o próximo governo pretende afrouxar o Estatuto do Desarmamento. Há muito o que se refletir sobre o tema.