O governo brasileiro encerrou, no final de agosto último, a vacinação contra as viroses que estão aumentando no Brasil, como o sarampo e a poliomielite, sem que atingisse a meta de 95% de cobertura da população infantil.
Especialistas se questionam por que a população não atendeu a convocação do governo, sabendo que aquelas doenças, mais a caxumba e a rubéola, podem evoluir para complicações graves e até levar à morte.
Das quatro, o sarampo é a mais letal. Segundo a OMS, foram 89 mil óbitos no mundo em 2016, a maioria de crianças menores de 5 anos, na África e na Ásia. O sarampo dizimou os povos da América durante a colonização.
Vacinas para elas existem desde os anos 50 e 60, mas não estavam disponíveis. Em 1971, foi criada uma vacina para o sarampo, a caxumba e a rubéola, aplicada de uma só vez e adotada em todo o mundo.
Essas vacinas são eficazes. O Brasil estava livre da pólio desde 1994, da rubéola em 2010 e do sarampo em 2016. No entanto, elas retornaram, como também voltou a febre amarela, erradicada no país em 1942.
Até agosto último, ocorreram mais de mil casos de sarampo no Brasil. Em 2003, foram apenas 50. A população não é contra a vacina, como foi em 1904, no Rio de Janeiro, mas resiste a uma vacinação em massa.
O médico Iran Gonçalves Jr., de São Paulo, levanta algumas hipóteses. Segundo ele, o governo não dá a atenção devida à saúde. Em 15 anos, o país teve 15 ministros da Saúde e só três presidentes do Banco Central.
O Orçamento para o setor também deixa a desejar. O país gasta 7,7% com saúde. O índice é menor do que a média mundial e um dos valores mais baixos das Américas, semelhante à média dos países africanos.
Por fim, há uma questão de cidadania. Os que não se vacinam confiam, certamente inconscientemente, na rede de proteção formada pelos anticorpos dos que se vacinam e que dificulta o contágio, em termos coletivos.