Bolsonaro foi o primeiro a desclassificar o resultado da pesquisa que mediu sua popularidade nos primeiros cem dias de governo. Segundo o levantamento, 30% de ruim ou péssimo é a pior avaliação de um presidente em primeiro mandato após a redemocratização.
O índice é próximo do que Bolsonaro obteve entre os cidadãos que consideraram seu governo bom ou ótimo e regular. Entre esses, 61% acham que o presidente fez menos do que era esperado, mas 59% acreditam que ele ainda fará uma gestão boa ou ótima.
O resultado reflete a ansiedade que sua eleição produziu na sociedade e que ele ainda não conseguiu satisfazer, apesar da atividade, permeada por quatro viagens internacionais. E isso quando o governo tem, pelo menos, dois projetos consistentes à espera de exame.
Um é a reforma da Previdência. Outro é o pacote anticrime do ministro Sergio Moro. O primeiro é vital para o Estado. O segundo, para a sociedade. Ambos reclamam, portanto, o engajamento de todos numa discussão em profundidade desses temas de interesse nacional.
Para isso, é preciso que as lideranças tomem a iniciativa, convocando a população para participar dessa discussão. Mas que o façam em alto nível, deixando o patamar que tem prevalecido, o do senso comum, de modo a que o Congresso também sinta seus reflexos.
O Brasil está cansado desse embate, que não leva a nada, a não ser a mais divisão entre os brasileiros. Por obra de líderes que têm uma visão maniqueísta da realidade, o país está partido entre os que são a favor e os que são contra isto ou aquilo, presos à emoção, e não à razão.
Esses conflitos têm pouco interesse e só servem para desviar a atenção do que é realmente importante. É preciso superar o preconceito que alimentamos contra o conhecimento, a ciência e a cultura, elementos que elevam a base da nossa constituição como povo.
O Brasil tem pressa, e isso está se refletindo na avaliação do presidente.