A palavra grega “daimon” (no plural “daimones”) traduzida por demônio no português significa espírito humano ou alma, espírito familiar e gênio. Ela é muito presente na Bíblia e na literatura grega contemporânea dela. Às vezes, ela aparece no plural com o sentido de deuses, os quais na Bíblia significam também espíritos humanos e deuses pagãos: “Vós sois deuses” (Salmo 82: 6; e João 10: 34).
“Daimon” era tido também na mitologia grega como o demiurgo ou o logos, ou seja, um espírito intermediário entre Deus e os homens. E observe-se que o evangelista João chamou Jesus de Logos. Aliás, a Bíblia e os textos de autores do princípio do cristianismo receberam influências da mitologia grega. Mas isso só começou a ser percebido depois do período de pós-modernidade, ou pelo menos, foi nessa época que surgiram críticos com a coragem de dizer essas e outras verdades.
Os teólogos cristãos alteraram o significado de “daimones”, que deixaram de ser espíritos humanos para serem outra categoria de só espíritos maus. Mas os teólogos esbarram na questão de que Deus criaria espíritos maus, e o pior, para nos tentar? E aqui aparece o problema dos anjos. O que seria mais normal, o espírito humano pecar ou o espírito já angélico?
Os “daimones” já bem evoluídos, por exemplo: os santos da Igreja ou os já angélicos tornaram-se bons pelo seu próprio livre-arbítrio, enquanto que outros, também, pelo seu livre-arbítrio, enveredaram para o mal. Daí que se diz muito também “anjos maus”. O grande sábio grego dos primórdios do cristianismo Orígenes, cognominado “o santo Agostinho do Oriente”, criou a doutrina da apocatástese, que ensina que a evolução dos demônios, os quais, um dia, deixarão de ser maus. É que Orígenes sabia que os demônios são espíritos humanos apenas ainda atrasados. Aliás, a verdade de que os “daimones” são mesmo espíritos humanos e que podem ser ainda maus ou já bons e até já santos ou angélicos, é que, em grego, existem as palavras “kaicodaimones” (espíritos humanos maus) e “eudaimones” (espíritos humanos já bons). Essas duas palavras podem ser traduzidas também por deuses maus e deuses bons, pois como já vimos, nós somos os “daimones”, e pela Bíblia, somos também deuses.
A hermenêutica e o bom senso ensinam-nos que as traduções de textos de obras antigas têm de empregar os significados das palavras na época em que os textos foram escritos e não outros significados que as palavras tomam com o decorrer dos tempos, como aconteceu e como vimos com os “daimones”. E como dissemos também, não é só na Bíblia que “daimones” ou demônios significam almas ou espíritos humanos, mas também em outras obras gregas escritas quando a Bíblia foi escrita. Exemplos disso são as obras de Platão e Heródoto. E Platão, que, pelo seu brilhantismo na filosofia, foi chamado por alguns autores de “daimon divino”, como outros dizem também dele: “Platão é a filosofia, e a filosofia é Platão.”
Sócrates dizia que seu “daimon” o protegia, isto é, um espírito humano bom, equivalente ao anjo da guarda da cultura cristã. Mas muitos cristãos, interpretando mal esse “daimon” bom de Sócrates, ainda pensam erradamente que Sócrates tinha parte com um espírito mau!
Cremos ter ficado bem claro por que o título dessa matéria diz que os santos católicos são demônios. E é justamente por eles serem demônios já bons, que eles ganharam da Igreja o título de santos!
PS: “Presença Espírita na Bíblia” com este colunista na TV Mundo Maior.
Os santos católicos são demônios, ou seja, espíritos humanos
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