Tales de Mileto achava que o "arqué" (substância original de todas as coisas) fosse a água. E essa sua tese até influenciou a Bíblia: "E o Espírito de Deus pairava sobre as águas" (Gêneses 1,2). "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Quem não nascer da água (líquido amniótico) e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (São João 3,3 e 5). E, para esclarecer melhor a questão a Nicodemos, Jesus disse: "O que é nascido da carne (ou da matéria água) é carne; o que é nascido do Espírito (Deus) é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo" (São João 3,5 e 6). O que é nascido da carne (ou da água) é o fenômeno da reencarnação. "O vento (do grego pneuma, espírito) sopra onde quer... não sabes donde ele vem nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito" (São João 3,8).
Observe-se que o texto nada tem a ver com a água do batismo, menos ainda com o batismo!
Para Anaxímenes, a origem de tudo era o ar, que daria origem à água, esta na terra, da qual, por sua vez, viria a pedra.
Já para Anaximandro, a origem de tudo era uma substância, etérea, infinita, invisível, o "ápeiron" (infinito). E ele argumentou contra Tales que, dos elementos conhecidos, a água era úmida, o ar é frio e o fogo é quente, estando,pois, uns contra os outros, o que é contraditório.
E, com exceção do fogo de Heráclito, como origem de tudo, é interessante que essa origem dos elementos apresentados vai num crescente para, cada vez mais, se sutilizarem a partir da água até o ar, e deste para a substância etérea, invisível e infinita ("ápeiron"), de Anaximandro.
Na caverna dos dois mundos de Platão, ele argumenta que as coisas verdadeiras já existem no mundo das idéias e que neste mundo elas aparecem apenas como sombras das coisas verdadeiras e universais do mundo das idéias.
Já Aristóteles, achava que o "universal" das idéias está nas próprias coisas e não independentes no "Mundo das Idéias" de Platão.
Para Aristóteles, o universal era a matéria-prima ou substância de que as coisas são feitas. Errado ou certo, Platão, na sua teoria dos dois mundos, supõe primeiro a idéia das coisas no "Mundo das Idéias", em que baseia suas elucubrações filosóficas. Aristóteles primeiro conheceu a física (ciência) para elaborar a sua metafísica (depois da física), na sua famosa obra "Organon". René Descartes, com sua célebre frase: "penso, logo existo", ciente de que pensa, conclui filosoficamente que ele existia.
A política levou Platão à filosofia. E a filosofia grega surgiu na cidade (polis), no tempo de Péricles, com o conhecimento anterior, pois, da cidade. E o indiano Nehru disse sobre a bomba atômica: "Se a humanidade for boa, destruirá a bomba. Se for má, será destruída por ela". Isso é fruto do seu conhecimento da bomba atômica!
E os físicos quânticos afirmam que o universo inteiro surgiu do pensamento (Rhonda Byrne, "O Segredo", página 15, Ediouro, Rio, 2007). Sem dúvida, desse novo dado científico surgirá uma nova filosofia.
Por isso, ousamos repetir que por trás de uma filosofia, há sempre uma ciência, seja ela moderna, antiga e até folclórica e mítica, embora a filosofia, efeito da ciência, seja mais importante do que a ciência!
PS
Meus agradecimentos ao sr. Jethro Mourão da Cunha pelos comentários sobre esta coluna, publicados em O TEMPO de 19.7.2008.
Quando o efeito pode ser superior à origem das coisas
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