Um clássico é capaz de muita coisa, inclusive de ser um divisor de águas para um jogador. Robinho é um desses que sempre lidam com a cobrança e carregam consigo a má fase de uma equipe. Pela liderança, pelo salário e, principalmente, pela qualidade que tem dentro de campo, essa pressão é mais do que natural. O problema é quando o atleta não consegue assimilar suas possibilidades e, em vez de tentar dar a volta por cima, se encolhe. E isso vinha acontecendo com o astro do Atlético na temporada até o último domingo, no Mineirão.
Vale ressaltar que o primeiro tempo de Galo e Cruzeiro foi azul. O jogador alvinegro, que começou o jogo como armador, jogando atrás de Fred, tinha dificuldade de passar pelo meio-campo da Raposa, formado por Hudson e Henrique. Em outros jogos, como contra o São Paulo, na vitória por 1 a 0, Robinho apenas tentou, mesmo atuando na faixa esquerda do campo.
O equatoriano Cazares tem mais facilidade em jogar pelo corredor central, e é esse o esquema que Oswaldo de Oliveira pensa para esse Atlético: fazer com que o ex-jogador da seleção brasileira fique aberto, fazendo a infiltração na diagonal. E os três gols alvinegros no clássico aconteceram pelo lado esquerdo, sendo dois em lances de puro talento do camisa 7, com finalizações sem qualquer possibilidade.
Mas, afinal, onde estava esse futebol que levou dez meses para aparecer? No ano passado, Robinho fez uma temporada bem eficiente pelo clube, tendo sido o principal jogador. Mas por que neste ano, temporada em que se esperava tanto dele, o atacante não rendeu como poderia? Seriam os treinadores, que não entenderam o melhor jeito de encaixá-lo?
Talvez. Roger e Rogério Micale tiveram dificuldades de armar o plano de jogo do alvinegro. Mas, assim como no Real Madrid, no Milan, no Guangzhou Evergrande e no Manchester City, Robinho tinha essa péssima mania de se retrair. Chamar a responsabilidade para si – ou dividi-la com Fred– é um passo fundamental para recuperar o Atlético a tempo de tentar uma vaga na Libertadores.
Além do eixo Rio-São Paulo. A novela envolvendo a renovação do técnico Mano Manezes com o Cruzeiro e sua eventual saída para o Palmeiras esquentou os bastidores na última semana. No entanto, a guerra entre imprensas mineira e paulista também foi bem discutida. Enquanto (pelo menos na Sempre Editora) tratávamos o assunto com cuidado e com informações exclusivas sobre a que ponto estava o processo, muitos colegas de São Paulo cravavam o treinador no Palmeiras.
Inclusive, um comentarista da Fox Sports chegou a dizer que o Palmeiras é uma vitrine maior que o Cruzeiro, que Belo Horizonte é inferior culturalmente a São Paulo e que Mano preferia o clube paulista ao mineiro.
Fico imaginando se falam isso por conta da audiência ou porque realmente não enxergam o futebol brasileiro além do eixo Rio-São Paulo. Não precisamos ser bairristas para ver que Mano estipulou um projeto numa equipe em que ele foi campeão – sendo coerente com o que ele mesmo pregava: tempo para desenvolver um trabalho.
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