Já estamos em maio! Quase na metade do ano, e eu ainda estou com aquela sensação de que o Natal foi ontem... Mas, de data festiva em data festiva, já passamos o Carnaval e a Páscoa, e agora é a vez daquela que – apesar de, como várias outras, ser uma data comercial – eu considero uma comemoração justíssima e muito importante. Nada mais digno do que um dia especial para homenagear as mães.
Seja sua mãe ausente ou coruja, chata ou amiga, rígida ou desencanada, ela é a pessoa que em toda a sua existência esteve e vai estar mais próxima de você. Eu ainda não tenho filhos, mas imagino que a gestação deve ser a maior experiência da vida. A sensação de carregar dentro do próprio corpo alguém que depende do que você se alimenta e respira deve ser mágica.
Mas o que faz alguém ser mãe não é o ato de gestar, e sim o de cuidar. De preocupar-se com outro ser além da própria vida. De pensar no filho em primeiro lugar. O principal instinto materno é esse de proteção, e não só na espécie humana. E eu me surpreendo quando, por acaso, vejo alguma situação que comprove isso.
Uns anos atrás, no local onde meu noivo trabalha, apareceu uma gata preta. Ela estava grávida, faminta e maltratada (como acontece com a maioria dos gatos pretos, que sofrem com aquela superstição descabida de que felinos dessa cor dão azar), e nos mobilizamos para que ela fosse acolhida e cuidada. Um mês depois, ela teve quatro filhotes e escolheu um lugar bem seguro para tê-los: uma caixa velha de TV, que ficava em uma garagem de entulhos, trancada, aonde pouquíssimas pessoas tinham acesso. Pela curiosidade, mais gente acabou adentrando para conhecer os gatinhos, e, em poucos dias, a gata se cansou daquela intromissão. Sem aviso nenhum, sumiu com a cria inteira.
Passamos o dia procurando e imaginando o que ela teria feito com eles, até que um pequeno miado veio da laje do telhado. Para se chegar lá, só com uma escada bem alta. Providenciada a escada, constatamos que estavam todos ali. Para escondê-los, a mãe teve que provavelmente levar um a um na boca, subir em cima de um carro e escalar (ou pular) uma parede de mais de um metro, até chegar à pequena fenda que levava ao telhado. Ela os manteve assim até que eles próprios cresceram o bastante para passar com ela pela abertura e acompanhá-la em seus passeios.
Esse fato me fez pensar nesse amor incondicional, que leva as mães a enfrentarem os maiores desafios unicamente pelo bem dos filhos. É tanto, que inclusive ficamos mal-acostumados... Dias atrás, vi uma tirinha do Calvin na qual ele dizia que não é permitido ser mãe se você não souber consertar tudo. E é exatamente assim. Ainda hoje, meu primeiro desejo, em qualquer problema, é poder gritar: “Mamaããããe...”, para ela resolver a situação pra mim. Mas isso também faz parte do amor materno. Ir soltando os filhos aos poucos, até que eles percebam que podem andar sozinhos, assim como fez a gatinha preta da minha história.
Cada mãe é única e, ao mesmo tempo, tão igual às outras. Mas a verdade é que todas as pessoas consideram a sua a melhor de todas. A minha, com certeza, é. E é pra ela que eu deixo aqui a minha homenagem especial, representando todas as mães.
Mamãe, que você continue sendo essa mãe-gata que sempre foi, cuidando de mim, me carregando, me colocando pra cima e deixando que eu caminhe sozinha. Eu caminho. Mas sei que você está ali atrás, ao alcance do meu grito. E que sempre vai correr para mim, no momento em que eu precisar. Te amo.
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