Encruzilhada do PSB
A aliança entre PSB e o PDT de Ciro Gomes veio abaixo nesta quinta-feira, 12, implodida por um veto sonoro e público da seção mais importante do partido, a pernambucana. Tudo parecia se encaminhar para o anúncio do apoio do PSB a Ciro amanhã em Brasília; este seria o desejo da maioria na legenda. Mas, após a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, passar dois dias em Recife, o PSB Pernambuco atropelou a decisão do partido e anunciou apoio a Lula, em gesto a ser seguido pela seção de alguns estados. Os pernambucanos usaram sua força na legenda, que comandam no país, para abrir um racha interno contra Ciro e impor uma nova encruzilhada. Agora, para cumprir o combinado com Gleisi, o PSB terá dois caminhos na campanha presidencial: aliar-se ao PT ou ficar neutro.
Fator paulista
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, que é pernambucano, adiou para 05 de agosto o encontro de amanhã: ganhou 20 dias para articular uma nova maioria no partido, a favor da neutralidade se não pró-Lula. A escolha final vai depender em grande medida da decisão de um membro do PSB: Márcio França, governador de São Paulo. O PT se propôs a retirar a candidatura de Luiz Marinho para apoiar a reeleição de França. A reação inicial do governador foi de recusa, por causa dos seus laços com Alckmin, de quem foi vice. Mas, os socialistas pró-Lula vão insistir na tese de que o apoio petista aumenta as chances do PSB paulista na disputa contra dois rivais mais fortes: João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB).
Decepção mineira
O desmonte da aliança com o PDT vai deixar frustrado o PSB mineiro. Na manhã de sexta-feira, depois do veto pernambucano, o deputado Roberto Andrade comentou que o partido estava unido no estado em torno do apoio a Ciro. E também da escolha de Lacerda para vice na chapa presidencial.
Arromba- cofre
A dívida bruta da União equivalia a 73% do PIB em maio. Com as decisões do Congresso esta semana, aumentando despesas ou reduzindo receitas em R$ 100 bilhões, o índice avançará mais rápido para 80%. Os parlamentares não ignoram os dados. Sabem perfeitamente que suas novas concessões vão agravar contas públicas, obrigando cortes maiores depois. Como o arrocho será inevitável em 2019, correram a arrombar os cofres antes que sejam trancados pelo próximo governo, cujos membros assumirão pelo voto popular e não pela manobra do impeachment como o atual.
Pior de todos
O atual Congresso concedeu a roldo perdões ou benefícios aos segmentos de lobby poderoso. E se recusou a reformar a previdencia para controlar uma das maiores fontes de déficit. Com a farra neste final de semestre, a legislatura atual pode ser considerada, sem sombra de duvida, como a mais irresponsável do ponto de vista fiscal desde a redemocratização do país. O que não deveria ser nenhuma surpresa: só mesmo o pior Congresso da história para sustentar e explicar o governo mais impopular do mundo.
Regra do jogo
O caso Marcelo Crivela vem confirmar que impeachment no Brasil não tem nada a ver com merecimento/culpa e sim com apoio político. Motivos não faltavam para o afastamento do prefeito do Rio, flagrado em promessas de vantagens a pastores religiosos. Também não faltaram às duas denúncias do presidente Temer por corrupção. Mas, Crivela e Temer tiveram o apoio da maioria legislativa, justo o que faltou a dois impichados, Fernando Collor e Dilma Rousseff - esta, por sinal, afastada por ‘pedalada fiscal’, um motivo criado especialmente para justificar a sua queda e extinto imediatamente depois com mudanças na lei para não pegar governantes em todo o país.
Maíra Rolim e Daniel Ribeiro, na comemoração dos 15 anos da Choperia Redentor
Troca de bandeira
Depois da Embraer (se não antes), deverá ser vendida a estrangeiros uma empresa nacional com o dobro do porte da fabricante de aviões: Braskem. A petroquímica já tem comprador: a holandesa LyondellBasell. O negócio parece líquido e certo. A dona de 38% das ações, Odebrechet, endividada e encalacrada na Lava-Jato, tem urgência de vender sua parte. E a outra forte acionista, Petrobras (36%), se pudesse venderia inclusive a si mesma.