Da leitura do sábio Geoffrey Hodson, tirei este artigo.
O homem tem quatro grandes instrutores.
O primeiro é representado pelos fracassos, isso mesmo: não são os sucessos, mas as derrotas, tão lamentadas, que indicam o correto caminho, são as quedas e as humilhações sofridas que fornecem as melhores lições.
O segundo instrutor são os eventos, qualquer um, desde os menores e mais insignificantes, já que, atentamente observados, revelam as regras que regem a vida e o destino, até aqueles que, inexplicavelmente “fortuitos”, possuem a razão perfeita de ser.
O terceiro são as oportunidades, as situações favoráveis e especiais que oferecem condições de realização, já que, em outros momentos, seriam impensáveis ou distantes como planetas. Saber, assim, aproveitar o momento em que aparentemente as portas se abrem para avançar, expandir-se e apoiar a evolução de todos.
O quarto são as ações que são provocadas nos outros, ou melhor, as reações motivadas por nossa atividade. Representam um despertar na consciência da interdependência entre as decisões, escolhas e exemplos prestados.
Embora ofuscado pelo raciocínio animal que domina os instintos “comuns”, qualquer cuidado com as consequências precisa ser levado a sério. O mau exemplo de um pai deseduca a prole, o de um líder, os liderados; os mais fracos são sempre os mais prejudicados.
O que atrapalha o homem é o apego aos frutos do trabalho que executa, enquanto deveria apenas cuidar do motivo para o qual se dedica e ser impassível diante do sucesso ou derrota. Ciente de que o fracasso também é um sucesso para a evolução e a verdadeira obrigação é realizar tudo que for possível.
Claro que o bom homem não agirá para fracassar, mas, se isso acontecer, aceitará como efeito da justiça e oportuno a seu aprendizado.
Ser incompreendido faz parte do “jogo”. Ser altruisticamente indiferente a toda opinião a respeito de si mesmo é ser livre e, ainda, imune à perda de tempo e de entusiasmo com a missão.
As influências astrológicas, as explosões solares, os eclipses se fazem sentir, os pensamentos e ações dos outros produzem efeitos. As mudanças ocultam a visão comum, atingem o indivíduo, influenciam constantemente. Mesmo assim, o respeito aos princípios é fundamental. Quem permanece em postura serena, não afetada, despojada de vaidades não é arranhado, será mais resistente nas quedas e sucessos de grande intensidade. Não se perde em comemorações, pois sabe que a vitória pode estar a um passo de uma derrota e que a humildade o fortalece e consolida os resultados.
O aprofundamento da existência tem que se dar sem a menor tensão. Sem querer nada, possuindo tudo, navegando no infinito, enraizado no eterno. O desabrochar da alma do homem ocorre, misteriosamente, quando “tudo vem para aquele que renuncia”.
“Nada peço, e o que tenho está à disposição de Ti. Não a minha, mas a Tua vontade seja feita”. A espontaneidade, o naufragar no imenso, torna-se assim a característica da vida. Como ensinou o Mestre Gautama: “Mate o egoísmo e terá tudo. Desapegue-se!”
A pessoa deve estar pronta ao assentimento, mesmo ao que parece injustiça. “Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra”.
Santa Teresa d’Ávila, ao ser atacada de forma cruel por sua família: “Que Deus possa lhes compensar pelos favores que vocês me concedem”.
Hodson afirma que a vida do bem-aventurado é fazer o melhor possível para verter a Luz da verdade sobre o mundo. Conceber a vida como um prolongado treinamento para as tarefas mais difíceis e maiores do que aquelas que se enfrentam momentaneamente, de forma valorosa, filosófica e sem hesitar. Receber o sucesso com humildade e colocá-lo à disposição da humanidade. Inculque, em seus liderados, os mais elevados princípios de moralidade e o selo da perfeição em tudo que faz.