O Partido Liberal (PL), coração do Centrão, quer muito mais que um candidato à Presidência da República, ao filiar o presidente Jair Bolsonaro. Sem deputados de grande expressão, mas hábil negociador, o PL deseja expandir o poder no Congresso Nacional, fortalecendo a possibilidade de barganha com qualquer que for o novo governo, a ser eleito no pleito de 2022.
O partido de Valdemar da Costa Neto quer mesmo é eleger uma grande bancada de deputados federais para manter o Executivo "refém" do grupo político que tem como expoentes, além do próprio PL, o PP.
A declaração de Valdemar de ontem, ao confirmar a filiação de Bolsonaro, dá pistas do que pretende. Segundo ele, a aliança com Bolsonaro e o PP inclui um revezamento na presidência da Câmara. Para isso, o PL precisa ter uma bancada grande.Ter um candidato competitivo para a Presidência da República ajuda na eleição da chapa de deputados, seja pela expressão do candidato ou pelo voto na legenda. Por isso Bolsonaro é importante tanto para o PL quanto para o PP, que hoje ocupa o comando da Câmara com Arthur Lira.
Tradicionalmente, os partidos com maior bancada escolhem os presidentes da Câmara e do Senado. Não é regra, mas conta muito na hora de negociar. Além disso, mais deputados em um grupo significa maior poder de barganha com o Executivo, sejam emendas ou cargos na formação de Governo e também na divisão do bolo conhecido como orçamento secreto.
Hoje, a maior bancada na Câmara é do PSL, com 54 deputados. A fusão com o DEM ainda não foi oficializada junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Quando for registrado o novo partido, o União Brasil, terá uma dianteira ainda maior, já que o DEM possui 26 parlamentares,
A segunda maior bancada é do PT com 53 parlamentares. Pelo mesmo motivo, o ex-presidente Lula tem dado prioridade às eleições proporcionais, para a escolha de deputados. O petista quer ter a maior bancada nas eleições de 2022 para neutralizar a estratégia de siglas como o PL e o PP.
Aliás, hoje, o PL é o terceiro em número de deputados e o PP vem na sequência. No novo jogo político, a eleição dos congressistas passa a ter prioridade alta.