Acílio Lara Resende

Ainda sobre as eleições de outubro de 2022

Desafios internos à busca de um segundo mandato


Publicado em 20 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Continuam distantes as eleições de 2022, mas não são poucos os analistas políticos que enxergam o prejuízo que o presidente Jair Bolsonaro vem fazendo à sua candidatura à reeleição.

Pouco depois do início do seu governo, abriu duas grandes frentes contra ele próprio – elegeu a imprensa como inimigo número 1 do país e relegou o Congresso Nacional e, por sua vez, a política a uma situação de menor importância. A Câmara e o Senado souberam reagir à altura e se tornaram protagonistas das reformas necessárias ao país.

O jornalista Ascânio Seleme, do jornal “O Globo”, afirmou em sua coluna o seguinte: “Jair Bolsonaro pode até agradar e ser paparicado por aquela parcela de eleitores que o apoia até mesmo quando ele ataca homossexuais e enaltece torturadores. Mas cresce de modo contínuo outra parte que prefere dele não se aproximar”.

De fato, leitor, esse crescimento é visível a olho nu. A política sempre dá voltas. Hoje aparece de um jeito, amanhã de outro. Há que se admitir, também, que Jair Bolsonaro conta com adversários dentro do seu próprio governo.

Alguns dos seus ministros deixam bastante a desejar no exercício da função para a qual foram nomeados. Dentre eles, pontifica, sem dúvida, o que deveria ser o principal e mais prestigiado deles, exatamente o ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Na Secretaria de Cultura, hoje ligada ao Ministério do Turismo, a torcida é no sentido de que a atriz Regina Duarte dê certo. Os ministros Ricardo Salles, Damares Alves e Ernesto Araújo vão dando trombadas aqui e acolá. Não o ajudarão na reeleição em 2022.

Bolsonaro acertou noutros ministérios e em cargos importantes ligados ao Ministério da Economia. A cabeça pensante desse governo, porém, ministro Paulo Guedes, que ainda é recebido com esperança por parte de admiradores, na política e fora dela, parece estar entrando em pane.

Seu discurso tem contribuído para prejudicar a candidatura do seu chefe. Isso sem falar no embate que trava com ele ao acreditar, por exemplo, em imposto que é quase a reedição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

No início da semana, apesar do apoio de 15 dos 27 governadores em 2018, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma carta assinada por 20 governadores contendo severas críticas às suas declarações sobre a morte do ex-PM Adriano da Nóbrega.

Segundo eles, as afirmações de Bolsonaro “se antecipam a investigações policiais para atribuir fatos graves às condutas das polícias e de seus governadores, além de não contribuírem para a evolução da democracia no Brasil”.

O alerta de 20 governadores não é pouca coisa. A falta de diálogo institucional expõe a democracia e alimenta a polarização. E esta impede os acordos necessários ao país.

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