Acílio Lara Resende

Alckmin como vice de Lula embaralha o quadro político

Quais seriam os motivos e as consequências da união?


Publicado em 02 de dezembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Enfim, depois de problemas de ordem técnica, terminaram as prévias do PSDB, que levaram o partido a gastar muito dinheiro. Veio à luz como candidato, sem surpresa, o governador de São Paulo, João Doria. Bem antes já se dizia, reservadamente, que Doria teria, no mínimo, 60% dos votos. Por pouco chega lá. Seu principal opositor, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, fez o que pôde para ser o candidato, e com o apoio de mineiros importantes. Porém, como se dizia na minha terra, “deu com os burros n’água”.

Aparentemente, tudo terminou em paz. João Doria e Eduardo Leite se abraçaram quando foi anunciado o vencedor. Isso não quer dizer, todavia, que o derrotado será o coordenador da campanha do PSDB. Educadamente, já rejeitou o convite. Tem deveres para com seu Estado e quer se preservar para uma próxima vez, já aí com 40 anos.

O governador tucano, segundo disse recentemente, já está conversando com candidatos e partidos. Ele defende um projeto de país. Que isso se concretize pela primeira vez. Ao que parece, além de sair em campo para compor com quantos queiram integrar, com ele, a terceira via, João Doria já constatou que nada fará sozinho, nem como candidato, nem como presidente. Todavia, por ora, está muito mal posicionado nas pesquisas. Esperemos a próxima, que será importante.

Terminadas as prévias do PSDB, confirma-se, como uma bomba, aquilo que começou como balão de ensaio: na saída de uma reunião com centrais sindicais, Geraldo Alckmin se revelou: “Preparei-me novamente para ser governador do Estado. Surgiu a hipótese federal. Os desafios são grandes. Essa hipótese caminha, e eu considero essa reunião com as quatro principais centrais histórica”.

Alckmin está entre dois partidos: se for para o PSD, será candidato a governador; se for para o PSB, será vice de Lula. Este é o desenho de agora, mas o futuro a Deus pertence. Lula, referindo-se a Alckmin: “Ele está numa definição de partido, estamos em processo de conversar. Se a hora que eu definir se sou candidato ou não, é possível construir uma aliança política. Preciso ver em qual partido ele vai entrar”. 

Ninguém poderia imaginar o que aconteceu. Que terá passado pela cabeça do ex-governador de São Paulo por quatro vezes? Há nisso alguma vingança pessoal contra o PSDB, do qual deverá se desligar brevemente? Ou será contra o candidato vitorioso nas prévias?

É preciso que se esclareça que Lula não foi absolvido, mesmo tendo o seu processo voltado à estaca zero. As provas estão no processo, e o Ministério Público Federal poderá denunciá-lo outra vez.

Como ficará o PSDB depois de tudo isso e depois, sobretudo, de muitas brigas internas, que só o prejudicaram? Entende-se perfeitamente o desejo de Lula de ter Alckmin como seu vice, mas nunca se entenderá a presença do ex-governador na chapa do PT, que sempre foi e é o maior opositor do PSDB. Alckmin não é um José Alencar. 

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