Acílio Lara Resende

Irmã Dulce, partidos políticos e o regime democrático

Combate à pobreza liga religião, economia e Estado


Publicado em 17 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Reflitamos mais um pouco, leitor, eu aqui, você aí. A Santa Dulce dos Pobres, nascida na Bahia, é a primeira santa brasileira a ser canonizada. Dois milagres já foram confirmados, mas sua vida dedicada aos pobres foi a maior causa da sua santidade. Como ela, os ganhadores do Prêmio Nobel de Economia deste ano – o indiano naturalizado norte-americano Abhijit Benergee, o estadunidense Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, de apenas 46 anos – também se preocupam com a população carente (atenção, Paulo Guedes: o combate à pobreza não é só um dever moral; é, também, legítima defesa contra os excessos do capitalismo!). 

A emocionante festa se deu no último domingo, e o ato foi presidido pelo papa Francisco, na praça de São Pedro. Milhares de fiéis acenavam com bandeirinhas nas cores verde e amarela. Foi um dia de alegria, glória e paz. Os anjos disseram amém à sua triunfal chegada.

Supliquemos à Irmã Dulce (prefiro chamá-la assim) para que vele pelo povo brasileiro, de Norte a Sul do país. Que sua piedade e exemplar compaixão continuem sobre aqueles a quem, em vida, ela soube dar atenção, carinho, paz e acolhimento. É disso, além de investimentos pesados na educação, que o país está totalmente carente.

Agora, a política – o único meio capaz de promover o bem-estar econômico e social de todos os brasileiros sem distinção. Depois de décadas acompanhando-a, por gosto e/ou por dever profissional, me surpreendo não com seus princípios, mas com sua prática, embora haja gente que afirme que tudo mudou a partir das eleições do ano passado. A briga no PSL (oitavo ou nono partido de Jair Bolsonaro ao longo de 30 anos de mandatos) expõe a família do presidente e o que ela de fato pensa sobre partido político. As ofensas trocadas entre Carlos Bolsonaro e Major Olímpio, líder do governo no Senado, são de baixo calão, com ênfase sobre o primeiro.

O ex-ministro Gustavo Bebianno, ao ser perguntado pela jornalista Andréia Sadi, em seu programa semanal na Globonews, sobre se voltaria ao governo Bolsonaro, fez uma pausa e, depois, foi firme ao dizer que, “na época do PT, só esperava que o governo passasse”. 

“Agora, o sentimento é o mesmo: só espero que este governo passe”, continuou. E concluiu afirmando que, sobretudo depois dos ataques às instituições democráticas (atenção, ingênuos ou incrédulos, sobre o que disse o ex-ministro de Jair Messias Bolsonaro!), não voltaria ao governo.

Imperdível, leitor, o artigo da professora Jacqueline Caixeta (“Desculpe-me, sou professora”), no jornal O TEMPO, publicado no último dia 15. Esperemos que o Supremo (escrevi este texto antes da sessão da Corte ter começado) tenha, finalmente, restabelecido a regra constitucional sobre prisão de segunda instância. 
Vida longa à democracia!

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