São muitos os desafios a enfrentar de uma só vez. A pandemia e a tecnologia são dois bons exemplos. Esta nos traz, e à ciência, benefícios, mas nos deixa cada vez mais distantes um do outro, além de aflitos com o futuro. Juntem-se aos dois, leitor, na prática, as dificuldades que teremos para resgatar os valores da democracia que aos poucos vão se corroendo ao longo desses últimos dois anos e meio. O trabalho de destruição contra ela não tem limites.
Esses desafios podem sugar a esperança em nosso país. Levaram-me a criticar severamente nossa seleção masculina de futebol, que é muito boa. A crítica (imagine, leitor) veio-me do jogo contra a Alemanha. O Brasil ganhou de 4 a 2, mas poderia ter ganhado de 8 a 0. Perdemos, no mínimo, quatro oportunidades de gols, incluindo-se um pênalti cobrado por um goleador, que no final deixou o seu. Uma “raiva” subjacente à que vem tomando conta inconscientemente de todos nós.
Esses desafios provocam-nos não só uma sensação desagradável de vazio, mas também a certeza de que vivemos sob um governo errático. O governo brasileiro e a pandemia “inventada” pelo novo vírus, no Brasil, estão intimamente ligados. Negacionista, obtuso e antidemocrático, e liderado pelo seu próprio chefe, tratou a pandemia como uma gripezinha desde o início. O presidente e seu governo ou são intrinsecamente maus ou não têm nenhuma consciência do mal que fazem ao país. Se a tivessem, pediriam perdão a milhares de brasileiros.
Os desacertos – ou até crimes – não ficam por aí. Ao tentar minar nosso processo eleitoral dizendo – sem mostrá-las – que tem provas de fraude nas eleições na qual foi vitorioso em 2018, o errático presidente tem plena consciência do seu objetivo: destruir a democracia e implantar um regime autoritário. Ele não suporta a liberdade, que não sobrevive em regime autoritário, seja de esquerda ou de direita. Ligado desde o início de sua vida parlamentar ao segundo, dá agora mais um exemplo das suas convicções políticas ao se deixar fotografar, com um sorriso ridículo, abraçando, de um lado, a deputada alemã Beatrix Von Storch, do partido Alternativa (AfD), de extrema direita, e, de outro, o marido dela, Sven Von Storch. Um partido xenófobo que só falta negar a existência do próprio Holocausto.
Sobre o seu vice, Hamilton Mourão, que às vezes discorda dele, o errático criticou-o outra vez dizendo que vice é como cunhado: “Você casa e tem que aturar, não pode mandar embora”.
A salvação do país está na terceira via. Em favor dela, o ex-presidente Lula e o seu partido já deram sua contribuição ao não se manifestarem contra a longeva ditadura cubana. Contra os desatinos ultradireitistas do presidente e a morte do “Lulinha, paz e amor”, cabe aos brasileiros, uníssonos, defenderem a liberdade como nosso maior bem. E antes que a velha República se consolide outra vez.