Entre tantas tramas bem conduzidas em Vale Tudo, a que envolve Odete Roitman e o filho mantido em segredo se destaca como uma das mais poderosas. A decisão de Manuela Dias de transformar Leonardo em personagem ativo — e não apenas uma menção, como na versão original — foi um acerto que trouxe densidade e impacto emocional à novela. O núcleo cresceu em importância e se tornou pilar dramático da história.
Debora Bloch vive sua melhor fase na televisão. Em cada aparição, impõe presença com elegância feroz, dominando a tela mesmo no silêncio. Seus monólogos, sempre carregados de subtexto, são um espetáculo à parte. Vale Tudo, neste momento, é também a novela de Debora — e ela merece todos os prêmios por isso.
Guilherme Magon surpreende na pele de Leonardo, entregando uma atuação contida e intensa, repleta de dor e humanidade. Já Teca Pereira, como a fiel governanta Nice, emociona profundamente com sua doçura e dignidade. As cenas entre os dois têm força cênica rara e comovente. É uma entrega que ultrapassa o texto e encontra a verdade no gesto, no olhar, na pausa.
Tudo funciona com precisão: da condução da trama à força dos diálogos. O segredo de Leonardo não é apenas um bom gancho narrativo — é um acerto artístico. A reinvenção desse núcleo, praticamente inexistente na versão original, mostra como uma adaptação pode homenagear o clássico e, ao mesmo tempo, inovar com brilho.
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