Paolla Oliveira prova, mais uma vez, que talento e vocação não se medem por comentários de rede social. Na pele da instável e emocional Heleninha Roitman, no remake de Vale Tudo, a atriz entrega uma performance sólida, sensível e coerente com a personagem escrita por Manuela Dias. Mesmo em cenas explosivas, Paolla nunca perde o controle da narrativa, sabendo alternar entre o drama rasgado e a fragilidade contida — duas camadas fundamentais da personagem.
Muitos se apressaram em dizer que a atriz estava ‘acima do tom’, numa crítica rasa que ignora a complexidade da personagem e o próprio estilo da obra. Heleninha vive em descompasso com o mundo, presa a traumas e emoções mal resolvidas, e o tom mais intenso da atuação é, justamente, um reflexo desse abismo interno. Paolla entendeu isso com precisão, recusando o caminho da neutralidade para abraçar os extremos — o que exige coragem.
Vale lembrar que estamos diante de uma atriz que se reinventa a cada papel. De protagonistas solares a mulheres atormentadas, Paolla sempre encontra um ponto de verdade para ancorar suas atuações. Em Vale Tudo, ela tem o desafio extra de revisitar uma personagem icônica, marcada pela interpretação de Renata Sorrah, mas imprime sua própria leitura, com frescor e humanidade.

Críticas fazem parte do jogo, mas não definem o ofício de quem tem vocação. Paolla Oliveira é uma atriz de entrega, que trabalha com o corpo, a voz e o coração — e isso se vê em cena. É fácil apontar o dedo de fora. Difícil é sustentar a emoção na pele de uma mulher em ruínas, sem cair na caricatura. E nisso, Paolla acerta em cheio.
Você está lendo um conteúdo originalmente publicado no Observatório da TV. Confira mais em: https://observatoriodatv.com.br