Opinião

A democracia agradece

Argumentos em defesa da manutenção das eleições municipais de 2020

Por Eduardo Ludugel
Publicado em 08 de junho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Embora atravessemos momentos delicados e difíceis em decorrência do caso crítico de saúde pública, desacredito que teremos mudanças expressivas que modifiquem as eleições de um ano para o outro, nem mesmo creio que teremos imposições, medidas ou “soluções” que destonem com as regras pétreas das leis brasileiras, contrariando a Constituição Federal.

Qualquer mudança desafinada ao que compõe as leis, colocaria uma verdadeira desordem no sistema. O rito eleitoral, provavelmente vai seguir seu curso ainda esse ano, naturalmente serão aplicadas todas as cautelas necessárias quanto a proteção à saúde.

O parâmetro analisado deve ser sanitário e não político. Evitar a realização das eleições esse ano seria semear uma crise política municipal que teria efeitos futuros drásticos. Grandes conquistas poderiam ser quebradas com qualquer alteração no que diz respeita as datas.

Vejo a “proposta de adiamento” navegando para agradar gregos e troianos. Desnecessário considerar a passagem do sistema eleitoral por pequenas mudanças de curtos dias de adiamentos, o que também acredito ser desnecessário e injustificado.

Um mês de alteração não mudaria muita coisa no quadro da pandemia. Por isso é relevante apontar que os cuidados adotados seriam os mesmos, em outubro ou um mês depois. Mas do contrário, uma mudança mesmo que seja de poucos dias nas eleições, mudaria completamente o cenário político brasileiro.

Quem perderia mais uma vez com tudo isso é o povo brasileiro, que está motivado a votar esse ano e ter mais uma chance de acertar nessa transição de governo em janeiro.

Poderia citar muitos motivos para o não adiamento ou prorrogação, nem todos compreenderiam sobre a seriedade de tal ato. Mas deixo como apontamento que a troca de poderes é indispensável a nossa democracia. Friso, quem ganha é o povo.

Uma vez que existem meios de prevenir e proteger a população quanto ao exercício da prática de votação x coronavírus, é válido seguir com o calendário oficial. Além disso, em comunhão ao que disse o próprio novo empossado presidente do TSE, ministro Luiz Roberto Barroso, “o compromisso do TSE é assegurar a democracia brasileira”.

Uma solução pacífica e simples, seria realizar as eleições deixando se arrastar por mais dias do que o rito natural, diferentemente dos outros anos tradicionais, permitindo acontecer em três, quatro ou cinco dias, subdividindo a população no dia e no momento da votação. Evitaria assim as aglomerações e, contudo, seria a opção mais acertada para todos os brasileiros exercerem o seu poder de voto, baseado em uma forma simples, menos danosa à saúde – e a democracia agradeceria.

Assim, seria cabível e possibilitaria garantir o estado democrático normal, além de dar continuidade ao processual eleitoral do ano vigente.

Vale ressaltar que, usando todos os meios de prevenção e melhorando ainda os devidos cuidados técnicos de saúde existentes, digo que SIM, é possível realizar as eleições municipais 2020.

Posiciono-me conscientemente como favorável a realização de todo processo eleitoral municipal, por óbvio, considerando a saúde humana em primeiro lugar, tomando os devidos cuidados.

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