Opinião

Aniversário do SUS

Saúde e vida longa

Por Mozar de Castro Neto
Publicado em 26 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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No dia 19 de setembro, o Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS – um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, completou mais um aniversário. Em 1990, foi sancionada a Lei 8.080/1990, que organizou as ações e serviços do sistema em território nacional. É momento de comemorar, relembrar sua história, destacar conquistas e ressaltar desafios, especialmente neste ano. A pandemia da Covid-19 veio reforçar ainda mais a importância do SUS para a sociedade brasileira.

Antes de sua criação não existia acesso para todo mundo, e a assistência estava restrita a quem tinha emprego formal. A saúde pública estava ancorada no Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Só quem contribuía com a Previdência podia acessar os serviços de saúde. Não dá nem para imaginar o caos que seria neste contexto de pandemia se não houvesse atendimento gratuito às pessoas acometidas pelo novo coronavírus.

“Made in Brasil”, a política é considerada como o maior exemplo de inclusão social do país. Já avançamos muito e podemos chegar mais longe. Existe ainda um hiato entre o SUS do papel e o da vida real. Ainda assim, vale uma defesa do sistema e a divulgação dos diversos benefícios que ele proporciona a milhões de brasileiros. Não há dúvidas de que ele (SUS) constitui um enorme avanço para o alcance dos direitos e a redução das desigualdades sociais.

O Hospital da Baleia possui fluxo diário de cerca de 3.000 pessoas/dia, entre funcionários, médicos, pacientes, acompanhantes e fornecedores. São quase 700 profissionais da área assistencial, preparados, desde a confirmação do primeiro caso da Covid-19 em Minas, à disposição dos mineiros. Desde março o Hospital da Baleia disponibilizou seus leitos às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde de Belo Horizonte para atendimento e tratamento de pacientes suspeitos e/ou confirmados para a Covid-19 e que têm doença renal crônica em terapia renal substitutiva (hemodiálise, diálise peritoneal).

Aos 76 anos todos sabem que o Baleia não é um hospital que possui pronto atendimento, mas diante dessa crise de proporção mundial se antecipou e se preparou para apoiar a Secretaria de Saúde.  Cirurgias eletivas foram canceladas para que os leitos dessem lugar à urgência da pandemia. Outras atividades não emergenciais do Hospital foram paralisadas e as equipes ficaram focadas no atendimento daqueles que fazem parte do grupo de risco da Covid-19.

Durante estes últimos 32 anos, o Sistema de Saúde brasileiro tem contribuído muito para o acesso das pessoas. Enquanto Superintendente Técnico do Hospital da Baleia –instituição que foi uma das primeiras de Belo Horizonte a estabelecer parceria com o poder público, passando a atender por meio do Sistema Único de Saúde, fazemos um balanço da trajetória e reflexão. No Baleia, anualmente, são mais de 600 mil procedimentos, mais de 90% deles via SUS, para pacientes de mais de 88% dos municípios do Estado. Os mineiros se orgulham de a instituição ser referência estadual em Oncologia Adulta e Pediátrica, Ortopedia, Pediatria, Cirurgia Buco-maxilo-facial, Cirurgia Geral, Nefrologia e Urologia, pautada por um atendimento humanizado e de excelência dos serviços de saúde. E isso é possível graças ao SUS, mesmo em um contexto de limitações e dificuldades somadas a um cenário de crise fiscal e redução do Orçamento público. 

Não há como negar que são necessárias melhorias que tornem o SUS mais sustentável. Mas este é o momento para que, junto com a sociedade, possamos valorizar e contribuir com o crescimento do Sistema e o direito de todos à saúde. Parabéns pelo êxito deste que é o sistema de saúde de todos os brasileiros. Um viva ao SUS!

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