Uma análise imparcial da sociedade percebe, infelizmente, que a natureza é aristocrática. Mas felizmente o talento não tem classe social. Existem aqueles alicerçados em oportunidades e aqueles com talento, porém sem capital. Cabe ao governo uma política que sirva de andaime, para que esses talentosos possam apoiar. O andaime natural geralmente é a família. Ela que investe nos seus descendentes criando oportunidades para que seus protagonistas evoluam. Qualquer ascensão depende de preparação e de tempo. E, isso gera uma fase improdutiva.
A mudança na pirâmide social é lenta. Chegar ao ápice, instantaneamente, só com prêmio de loteria. Na realidade, o processo exige trabalho, oportunidades e ambições
verificamos, infiltrados numa análise surrealista, que os que têm a mesma oportunidade não têm os mesmos resultados. Retratando uma experiência individual, a oportunidade que tive no mundo jurídico, apesar de vir de família pobre, era hoje para eu ser ministro. Ao caso que meu conterrâneo Ademar, que não teve oportunidade, mas soube criar e desviar-se das adversidades financeiras, passou em primeiro lugar no concurso de promotor.
Essa verticalização natural fez criar leis também verticalizadas.
Fazer apologia do egoísmo econômico humano é menos ruim, porque cria no individuo uma ambição que poderá transformar em êxito financeiro.
É utópica a interferência estatal na tentativa de neutralizar o apetite financeiro humano. Prova disso são as efemeridades do socialismo real.
Acreditamos que 50% da pobreza no Brasil têm como ser combatida com sucesso. Essa aristocracia operária com o andaime estatal poderá libertar da pobreza e outros 50%, infelizmente, tem que viver com solidariedade e caridade estatal. Não responde à reciprocidade e à oportunidade dadas.
O governo criando oportunidades e encontrando correspondência do indivíduo, a oportunidade oferecida, achamos que com prazo relativamente curto poderá criar vida digna para pelo menos 50% da pobreza hoje existente no país.
O que questionamos se é viável um socialismo de estado com uma mecânica capitalista. Seria a China o paradigma?
O processo produtivo é mais eficiente no capitalismo. No socialismo há entraves substanciais no crescimento econômico devido à paralisia estatal por falta de motivação. Porém, é também real que há uma desproporcional concentração de rendas. Achamos que o desnível por cima é melhor do que a tentativa de nivelar por baixo.
Saber fazer da política social um empreendimento humano eficiente é tarefa estatal. O enfrentamento da realidade com métodos também é capaz de fortalecer o indivíduo.
As acrobacias teóricas longe do realismo do pragmatismo servem para nós intelectuais de deleite.A natureza humana, guiada com inteligência, mesmo que imperfeita poderá produzir frutos satisfatório.
Talvez, seja eu um membro desta aristocracia operária com ascensão social relativa que pude perceber que a vida não é um fato consumado. E, que evolução é possível sim, deste que agimos em parceria com estado, disposto a nos sacrificar, dentro da realidade cotidiana.