Opinião

Catástrofes das chuvas

Implicações da falta de prevenção

Por Màrcello Bezerra
Publicado em 07 de março de 2020 | 03:00
 
 
 
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Há muitos anos, o período de chuvas no Brasil, em especial nas grandes metrópoles como Belo Horizonte, Rio e São Paulo, se transformou em uma época infernal, causando traumas insuperáveis na população com resultados cada vez mais catastróficos, em gênero, número e grau.

Muito se responsabiliza a mudança climática pelas catástrofes que vêm aumentando ano a ano, gerando consequências incalculáveis no aspecto humano, social, psicológico e econômico. Claro que o clima mudou, e em certo grau houve um aumento nas chuvas, mas isso já é sabido há décadas.

Pior do que a mudança no clima é a falta de ações preventivas, que poderiam reduzir os impactos drasticamente e preservar a vida dos cidadãos que são diretamente afetados por essas tragédias.
Se analisarmos as décadas passadas, os problemas e as consequências são os mesmos, mas agora estão em proporção universal e, pior, sem controle. Tudo isso poderia ser minimizado sem causar grandes traumas e prejuízos como tem acontecido ano a ano.

As perdas são incalculáveis, mas, de novo, não é feita nenhuma ação real contra tais acontecimentos. Vamos exemplificar: as pessoas que moram em encostas ou morros podem – e existem condições de – ser realocadas, em particular as que vivem em áreas de médio e alto risco. Mas isso não é feito.

As enchentes nas cidades, via de regra, ocorrem nos mesmo lugares, portanto são previsíveis. Existem dezenas de ações técnicas que podem ser realizadas para minimizar em até 80% o impacto dessas consequências nas vias terrestres.

Os gestores públicos alegam que os piscinões são a solução dos problemas, mas não é verdade. Existem dezenas de outras ações que conjuntamente podem praticamente resolver o problema, inclusive o da impermeabilização. Pois bem, essas ações fundamentais poderiam ser equacionadas pelas prefeituras, com ajuda do Estado e ainda com apoio financeiro da União.

Os prejuízos econômicos em relação a isso são incalculáveis. Novos investidores, antes de aplicar seu capital, contabilizam esses fatores em seus custos e, portanto, aumentam seus preços exponencialmente. Em muitos casos, eles evitam investir no Brasil por um problema estrutural.

Existe um ditado antigo, que diz: “Fica mais caro o molho do que o peixe”, ou seja, existe mais interesse na questão paliativa, que nunca resolve coisa alguma, pois isso gera mais dinheiro para um grupo específico. E, além do mais, os responsáveis por essas ações não se preocupam com as vidas humanas e sua dignidade, fato que é “coroado” pela inibição de capital para novos investimentos.

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