As aulas retornaram na educação infantil e já dão sinal de que vão avançar para os outros seguimentos. Enfim, a tão sonhada volta às aulas começa a dar o ar da graça. Começou o processo de vacinação dos professores, já não é mais uma preocupação para pais e funcionários de escola em geral, no entanto tem algo que ainda merece um pouco mais de cuidado.
Sempre existiu a orientação de não enviar crianças para a escola com doenças infectocontagiosas para se evitar a propagação, no entanto, o que sempre presenciei foi crianças chegando com febre ou tendo febre no decorrer do período, vomitando, prostradas, sem energia para brincar, e, quando conversávamos, lá vinha a fala: “Eu tô passando mal”.
Ao fazer contato com a família, a desagradável surpresa; ela já sabia que a criança não estava bem, mas não tinha ninguém para ficar com ela, então, mandou para a escola. Ainda escutamos coisas do tipo: “vocês são tão atenciosos, cuidam tão bem das crianças...”. Ora bolas, não somos médicos! Nosso cuidado e atenção não nos capacita a resolver problemas de saúde. Sem contar o risco de contágio que aquela criança estava colocando seus colegas, professores, funcionários e outros.
Acolher com afeto uma criança doente e cuidar dela é o mínimo que podemos fazer, desde o momento em que ela chega na escola nessas condições. Mas ouvir que ela está ali porque não tinha ninguém para ficar com ela nos coloca em um lugar que não podemos ocupar, não somos responsáveis pelos filhos doentes dos outros, não temos essa competência. Não somos depósito de crianças quando não se tem ninguém para cuidar delas, somos escola e, como escola, temos que fazer valer os direitos dessas crianças pelo cuidado que é de responsabilidade da família.
É muito sério enviar uma criança que está doente para a escola, além de jogar para ela uma responsabilidade que não é dela, coloca-se em risco a saúde de todos que estão ao seu redor.
Incrível como tudo acaba ainda na responsabilidade da escola! Quem nunca escutou algum pai dizendo que o filho pegou virose na escola? Como se a escola fosse fábrica de virose! O mesmo se aplica aos surtos de piolhos. “Pegou piolho na escola”. Em mais de 30 anos vivendo em escolas, nunca vi nenhuma fábrica de piolho ou de virose em nenhuma delas. O que sempre vi foram pais irresponsáveis mandando filhos doentes ou infestados de piolhos para a escola sem sequer avisar!
Agora não estamos falando de viroses comuns à infância nem de piolhos que incomodam e coçam, estamos falando de um vírus que pode matar. Talvez não a professora que já está no processo de vacinação, mas quem sabe os pais, os avós, os tios das pessoas que têm contato com a criança que foi para a escola “passando mal” porque não tinha ninguém pra ficar com ela.
Espero que os pais de outrora, que tinham atitudes como esta de enviar filhos doentes ou infestados de piolho para a escola, sejam mais responsáveis e conscientes com a situação que estamos vivendo, porque Covid-19 não é piolho.
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