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Eleições municipais de 2020: meio milhão de candidatos

Em 2021 tomarão posse 5.565 prefeitos, o mesmo número de vice-prefeitos e mais 56.810 vereadores, que totalizam 67.840 políticos profissionais

Por Antônio de Faria Lopes
Publicado em 05 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Na eleição municipal, como não pode deixar de ser, prevalecem os problemas da cidade. Candidatos a prefeito apresentam planos e obras que pretendem realizar. Já os candidatos a vereador, não raramente, fazem promessas que nunca poderão cumprir. 

As Câmaras não podem aprovar leis que aumentem as despesas do município. Os vereadores serão, na maioria, favoráveis ao prefeito e encaminharão pedidos dos eleitores ao Poder Executivo. Nada mais do que isso, embora as Câmaras tenham custado aos cofres públicos perto de R$ 15 bilhões no ano passado, conforme o vídeo com o título de “Vereadópolis”, que circula nas redes sociais. 

Em 2021, no primeiro dia, tomarão posse 5.565 prefeitos, o mesmo número de vice-prefeitos, mais 56.810 vereadores, que totalizam 67.840 políticos profissionais. A proibição das coligações nas eleições para vereador certamente aumentará o número de candidatos. 

É provável que tenhamos mais de 500 mil disputando um lugar nas Câmaras. Somando os candidatos a prefeito e a vice-prefeito, ultrapassaremos a casa do meio milhão de pretendentes fazendo campanha(*).

A maioria desses disputantes estará nas campanhas da eleição de 2022 como cabos eleitorais importantes e bem-pagos. Se quisermos mudanças no sistema, inclusive na própria Constituição, podemos e devemos começar a discussão agora. 

Muitas associações, sobretudo de jovens, já estão fazendo isto apesar das críticas de boa parte dos partidos políticos. Já existem mais de 30 partidos legalizados e um grande número de outros com processos em andamento na Justiça Eleitoral.

Com poucas exceções, são todos iguais, têm donos e recebem muito dinheiro público que enriquece seus dirigentes. A corrupção endêmica que tomou conta do país precisa ser combatida a partir da base. 


Devemos exigir dos candidatos nas eleições deste ano uma posição firme e pública contra a corrupção e a favor de mudanças que reduzam os gastos públicos, a começar pelas Câmaras municipais. Acabar com a reeleição de prefeitos, governadores e presidente e permitir apenas uma reeleição de membros dos Poderes Legislativos. Começaremos por aí o fim da política como “profissão”, fazendo dos eleitos verdadeiramente representantes do povo. 

Associações como RenovaBR, partidos políticos autênticos, igrejas, movimento estudantil etc. poderiam elaborar coletivamente um documento básico de transformações e estimular candidatos a aderir a essa luta de transformação. As redes sociais poderiam divulgar o nome desses candidatos e pedir a preferência para eles. Seria o começo de mudanças e do fim do mecanismo que tomou conta do país.

(*) Números estimados

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