Artigo

Índice de Carnaval

Como saber onde a festa é mais animada?

Por Aluízio Barros
Publicado em 10 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

Algumas pessoas não gostam de Carnaval. A má notícia para elas é que a festa de Momo está cada vez mais animada no Brasil.

Quem mora em São João del Rei não escapa do Carnaval. A não ser que vá acampar nas belas serras e cachoeiras da região. Encontrei uma maneira de medir a animação de uma cidade com o Carnaval. Basta dividir o número de bandas e blocos carnavalescos pela população e multiplicar o resultado por 100 mil.

No Rio de Janeiro, foram 509 blocos que desfilaram em 2019 para uma população de 6.718.903 habitantes. Fazendo os cálculos, são 7,6 blocos por 100 mil habitantes.

São Paulo, capital, é menos animada. Lá se apresentaram 490 blocos para mais de 12 milhões de paulistanos (segundo estimativa do IBGE, 12.252.023). Foram 4 blocos por 100 mil habitantes em 2019. Esse número vai crescer muito em 2020, com 796 blocos autorizados.

Belo Horizonte tem um Carnaval de rua que cresce a cada ano. Em 2019, foram 410 blocos para uma população de 2.512.070 – 16,3 blocos por 100 mil habitantes.

O nosso índice de animação para São João del Rei confirma o que sabemos há muitos e muitos anos. O reinado de Momo é fortíssimo na cidade histórica. No ano passado, desfilaram 57 blocos para 90.082 habitantes. São 63,3 blocos por 100 mil habitantes.

O indicador que criei para dimensionar a animação do Carnaval de uma cidade é simples e poderoso, mas também padece de limitações, que convém explicitar.

Em primeiro lugar, nosso índice de animação não contempla os múltiplos quesitos que compõem a festa do desfile ou da concentração dos blocos.

São eles a qualidade da banda ou bateria, a empolgação dos componentes do bloco com as músicas e letras cantadas, a capacidade de arrastar foliões expectadores e outros quesitos subjetivos e difíceis de avaliar.

As situações de violência e insegurança dos foliões afetam o grau de animação do Carnaval de uma cidade. E pode até levar à redução do número de blocos carnavalescos. Isso é captado pelo nosso índice de animação.

Mas o maior inimigo do Carnaval, segundo uma historiadora carioca, não são as chuvas ou a polícia. São os saudosistas que não se cansam de repetir que “Carnaval bom é aquele de antigamente”.

É verdade que o Brasil apresenta indicadores de violência assustadores. Só perde para a Venezuela no número de homicídios por 100 mil habitantes.

Contudo, o Carnaval não tem responsabilidade pela nossa insegurança. Ela está muito mais presente no dia a dia e nos jogos de futebol do que na alegre e cada vez mais animada folia brasileira.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!