Opinião

Mortes por coronavírus e problemas cardíacos

Estudo relaciona riscos entre as doenças

Por Alan Max Alves Fernandes
Publicado em 11 de março de 2020 | 03:00
 
 
 
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Covid-19 foi relatada pela primeira vez no fim de dezembro de 2019, originária de Wuhan, na China, e desde então tem tirado o sono de todas as pessoas do mundo. Diariamente, temos acompanhado o aumento do número de casos e novos países afetados pelo coronavírus. Até o dia 9, segunda-feira, já eram 109.578 casos confirmados e 3.809 óbitos, em 105 países e territórios.

No Brasil, estamos vendo nos últimos dias um crescimento constante dos casos confirmados, que, até a mesma data, totalizavam 25, inclusive com o primeiro caso em Minas Gerais e mais de 930 casos suspeitos em todo o Brasil.

Recentemente tivemos o primeiro óbito na América Latina: um paciente de 64 anos, na Argentina, que tinha hipertensão, diabetes, insuficiência renal e bronquite. No Brasil, temos uma paciente de 52 anos internada em estado grave, respirando com a ajuda de aparelhos, também portadora comorbidades prévias.

Isso nos remete a uma publicação do Colégio Americano de Cardiologia (ACC), em 28 de fevereiro deste ano, que analisou um grupo de pacientes na China. Ela mostrou que relatos iniciais de casos sugerem que pacientes com condições subjacentes correm maior risco de complicações ou morte por Covid-19.

Até 50% dos pacientes hospitalizados têm uma doença crônica, 80% das quais são cardiovasculares ou cerebrovasculares. No geral, a taxa de mortalidade de casos permanece baixa, em 2,3%, no entanto ela salta para 6% em hipertensos, 7,3% em diabéticos, 10,5% em pacientes com doença cardiovascular e 14,8% em pacientes com idade superior a 80 anos.

Notavelmente, a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares subjacentes (10,5%) é maior que em pacientes com doença respiratória crônica (6,3%). A doença viral em geral é um fator desestabilizador bem conhecido nas doenças cardiovasculares crônicas, consequência geral do desequilíbrio causado pela infecção com aumento da demanda metabólica e redução da reserva cardíaca.

Pacientes com doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca têm risco aumentado de eventos agudos ou exacerbação, doença viral pode potencialmente desestabilizar placas de gordura nas coronárias (artérias do coração) por meio de vários mecanismos, incluindo respostas inflamatórias que foram recentemente documentadas com Covid-19, podendo causar infarto do miocárdio.

Portanto, todos nós devemos nos preocupar inicialmente em evitar o contágio pela doença, por meio de medidas simples de higiene, já que a infecção por coronavírus não tem tratamento específico e ou vacina até então.

E principalmente os pacientes com comorbidades cardíacas e octogenários devem tomar um cuidado ainda maior, já que nesses grupos em especial as complicações da Covid-19 são mais comuns, podendo levar inclusive a óbito em uma porcentagem muito maior que na população geral.

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