Artigo

Novas perspectivas com tecnologias essenciais e carros autônomos

Debates sobre avanços e responsabilidade na tomada de decisão

Por Carlos Alberto Silva de Miranda
Publicado em 18 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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Os carros movidos a eletricidade já são uma realidade, sejam os híbridos, sejam os 100% elétricos. As montadoras já deram seu recado. Muitas anunciaram que não irão desenvolver mais, em um futuro próximo, motores à combustão, como é o caso de Volkswagen, Nissan, Hyundai e Mercedes-Benz. Mas é um fato que merece ser analisado à luz de outros acontecimentos e mudanças de paradigmas que são iminentes.

A Indústria 4.0, também denominada de “Quarta Revolução Industrial”, tem em seus fundamentos adventos tecnológicos como a inteligência artificial, a robótica, a internet das coisas e a computação em nuvem, que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.

A internet 5G, por exemplo, é um primeiro passo para se obter uma rede confiável que proporcione viabilidade aos demais cenários, necessários ao desenredo da nova revolução industrial, que são a internet das coisas (ou Internet of Things, sigla IoT), a internet industrial (com foco nas operações e serviços) e a segurança cibernética.

Teremos velocidade maior para a conexão com aparelhos, com baixa latência. Assim, teremos ao nosso alcance a capacidade de conectar uma quantidade maior de dispositivos, o que viabilizará a conexão dos nossos eletrodomésticos e, também, dos nossos veículos.

Este cenário abrirá espaço para os veículos autônomos. Imagine que, ao final do expediente de trabalho ou estudos, você irá, por meio de um aplicativo de celular, chamar o seu carro, que irá te buscar para levá-lo para casa. Ele irá estacionar à porta e te chamar por mensagem. O carro irá destravar a porta e você entrará em seu habitáculo, que não necessariamente terá a mesma configuração que um veículo tem hoje. Poderá se parecer como uma sala de espera, por exemplo. Irá te levar de forma mais rápida, sem trânsito, mesmo em horário de pico, pois não haverá mais a necessidade de sinais de trânsito ou a eminência de engarrafamentos.

Os carros se comunicarão, via internet, e tomarão decisões mais rápidas e sincronizadas, com toda a segurança e confiabilidade. Esse novo cenário, que está mais próximo que pensamos (e já pensamos, tendo em vista que já é bastante explorado em filmes futurísticos), irá demandar um novo perfil de profissional, antenado com essas possibilidades e tecnologias. E isso não se restringe aos engenheiros ou designers, que serão os responsáveis pelos projetos destes sistemas e suas interfaces de uso, visuais e cognitivas. Abre uma série de possibilidades de atuação e de demandas específicas por profissionais que dominem esses novos aspectos, de abordagem sociotécnica.

Teremos que, em um futuro breve, rediscutir convenções e leis, que vão envolver desde a segurança de informações até mesmo a responsabilidade de um sistema de inteligência artificial, que tomará decisões bem mais impactantes e importantes do que simplesmente a quantidade de água que será utilizada em um ciclo de lavagem em sua máquina de lavar roupas (sim, a inteligência artificial já está aí). Imagine que o carro que irá te buscar tenha que tomar a decisão entre invadir a contramão e causar um acidente, colocando em risco sua vida ou atropelar um pedestre desatento.

O MIT (Massachussetts Institute of Techonology) já vem há um bom tempo coletando dados a respeito da perspectiva humana em relação às decisões tomadas pelas máquinas. Certamente, serão discussões que extrapolarão os limites da tecnologia e que farão parte também da área de atuação do direito e das ciências políticas, dentre outras.

(*) Carlos Alberto Silva de Miranda é doutor em Engenharia de Materiais pela UFOP e professor do Ibmec BH - Escola de Engenharia

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