Artigo

Transporte clandestino: escolha de risco

O perigo dos ônibus irregulares nas estradas do Brasil

Por Rubens Lessa
Publicado em 21 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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O tráfego nas rodovias pelo país vai aumentar consideravelmente no feriado prolongado de Carnaval, principalmente para destinos como cidades históricas mineiras e localidades no litoral. Neste que é considerado o feriado com mais acidentes no Brasil, a preocupação com a segurança nas estradas deve ser ainda maior devido a diversos fatores.

Entre eles, a combinação de álcool e volante, a situação precária de algumas estradas que estão ainda mais danificadas depois das intensas e históricas chuvas de janeiro e o aumento do transporte clandestino de passageiros. No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal registrou 1.157 acidentes durante o Carnaval, com 83 vítimas mortas.

Muitos dos ônibus e vans que vão cruzar o país de norte a sul não são regularizados e, por isso, considerados clandestinos. É cada vez maior o número de pessoas que recorrem ao transporte ilegal atraídas por tarifas mais baratas. Para suprir algumas necessidades imediatas, os passageiros que procuram esse serviço acabam fechando os olhos para os riscos na hora da contratação. Estima-se que 40% dos acidentes nas estradas envolvam o transporte clandestino.

Cabe ressaltar que o transporte interestadual de passageiros sem autorização é uma atividade ilegal e combatida pela Agência Nacional de Transportes (ANTT) e pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG). Além disso, ele não oferece condições e equipamentos obrigatórios de segurança para os usuários e é uma atividade irregular que coloca em risco outros cidadãos em trânsito. O problema se agrava por causa da utilização de ônibus em condições precárias, sem manutenções em dia e com motoristas incapacitados.

A situação é realmente preocupante. Usuários de transporte clandestino não têm nenhuma garantia e qualquer tipo de amparo caso algum acidente venha a acontecer. O mais alarmante é que esse tipo de transporte só tem crescido. Somente em 2019 quase 16 mil fiscalizações foram realizadas em veículos de transportes de passageiros pela ANTT. Cerca de 4.000 foram autuados por irregularidades, um número quatro vezes maior que no ano anterior. Nos últimos três meses do ano passado, o DEER, em ação conjunta com a Polícia Militar, apreendeu 781 veículos em todo o Estado por transporte clandestino.

A boa notícia é que o governo federal tem endurecido as leis para tentar coibir a prática do transporte clandestino. Em outubro do ano passado entrou em vigor uma alteração no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que estabelece punição mais rígida para o veículo que estiver irregular durante a fiscalização.

A segurança do passageiro deve estar sempre em primeiro lugar. Por isso é fundamental o usuário estar atento para utilização somente do transporte regular. Ele segue regras, as empresas são fiscalizadas e vistoriadas frequentemente, pagam tributos, cumprem as leis e normas trabalhistas, oferecem benefícios aos motoristas e ainda arcam com custos de manutenção e seguro-acidente. Uma boa viagem começa pela escolha segura, confortável e confiável de uma empresa legalizada.

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