Como as emoções afetam as decisões financeiras

“Ah, este ano eu mereci! Vou me dar um tênis de presente”. “Nossa, estou tão triste, vou a um bom restaurante para espairecer”. “Uau! Meu cunhado ganhou muito dinheiro investindo em criptomoeda, vou apostar tudo lá também!”.

Com qual (ou quais) dessas frases você se identifica? A verdade é que é muito fácil perceber como as emoções afetam as decisões financeiras da nossa vida e compreendê-las é importante para desviar das ciladas.

Entenda agora como nossas decisões de compra e investimento podem ser afetadas pelas emoções e como evitar.

Como as emoções afetam as decisões financeiras

A ciência já identificou que os fatores emocionais, sociais e psicológicos afetam, sim, as nossas escolhas no momento de consumir e investir. Essas, que deveriam ser decisões racionais, acabam influenciadas por hormônios que são produzidos em duas situações principais:

• Quando estamos felizes e nos sentimos recompensados pela decisão financeira (endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina são os hormônios principais) 
• Quando estamos com medo, ansiosos ou estressados e nos deixamos levar pelo calor do momento (hormônios cortisol e adrenalina - que te levam à ação diante de uma ameaça).

Existem até ramos da ciência que estudam esses fatores, chamados de ‘psicologia financeira’ e ‘economia comportamental’.  

Um estudo do Instituto de Políticas sobre Dinheiro e Saúde Mental do Reino Unido – feito com 5.500 pessoas com problemas de saúde mental - mostrou que:

• 93% das pessoas gastam mais dinheiro do que o normal porque estão ansiosas.
• 92% acham mais difícil tomar decisões financeiras
• 74% adiam o pagamento das contas
• 71% evitam lidar com credores
• 56% fazem um empréstimo de forma impulsiva.

Entenda também: Por que é difícil guardar dinheiro?

Comportamento gregário

Além da ansiedade e da necessidade de recompensa, o ser humano é um ser gregário, ou seja, sociável e que vive em grupo, precisando da aceitação de outros para viver. E isso faz com que muitas decisões financeiras sejam pautadas na opinião alheia e não no que você realmente quer e precisa.

Esse comportamento faz com que as pessoas imitem, por exemplo, as opções de investimento que um amigo fez, ou comprem produtos iguais aos de outras pessoas para se sentir pertencente àquele grupo.

O “movimento de manada”, como chamamos os especialistas em investimento, é exatamente quando as pessoas fazem o que todos estão fazendo e investem simplesmente por uma tendência do mercado.

Como evitar que as emoções afetem as suas decisões financeiras

Agora que você já sabe que a sua mente e seus hormônios podem te levar a tomar decisões no ímpeto do momento, veja como evitar essas situações e ter mais controle financeiro:

Informe-se

A principal virada que você deve fazer na sua mente, caso costume se deixar levar pelas emoções, é começar a usar a razão em vez do coração, no momento de comprar ou investir. E ter conhecimento é a melhor maneira de fazer isso acontecer.

Antes de comprar, pesquise! Compare os preços de diferentes lojas, confira as condições de pagamento, cheque se essa compra realmente se encaixa na sua realidade financeira.

E antes de investir, estude sobre aquela aplicação e veja se ela faz sentido para o seu momento atual de vida e para as metas que têm para o futuro.

Observe as armadilhas do comércio

As empresas costumam usar as emoções dos consumidores para ampliar suas vendas e essa é uma das principais questões que você precisa prestar atenção.

É muito fácil se encantar com as belezas do Natal da Coca-Cola; se deixar levar pela ansiedade de ter o carro do ano ou o novo iPhone que será lançado, fazendo com que o seu status fique elevado perante o olhar da sociedade.

Ao começar a observar as propagandas, você entende a lógica de mercado e vai ficando mais difícil cair nessas armadilhas.

Espere as emoções passarem

Ter um bom controle emocional é um dos principais desafios da vida, mas contar com ajuda de um psicólogo pode ser muito interessante. Assim, você começa a detectar quais são os seus próprios gatilhos emocionais.

Além disso, comece a nomear as suas emoções no momento que as sente, assim, você aprenderá a identificá-las quando vierem novamente. Esse método ajuda a manter a racionalidade e evitar a impulsividade.

Sendo assim, se estiver ansioso ou com medo, por exemplo, tente entender as razões e deixe para tomar atitudes (como comprar, fazer empréstimos ou investir) com a “cabeça mais fria”.

Resista às compras parceladas

Nós sabemos que, muitas vezes, parece mais fácil comprar os produtos em parcelas e o sistema brasileiro permite que isso seja feito de forma simples. Porém, ao comprar parcelado, você pagará um preço maior do que deveria, com o acréscimo de juros ao longo dos meses.

E não se engane com as compras sem juros. Na maioria das vezes, essas taxas já estão embutidas no preço final do produto.

Lembre-se que o parcelamento é uma forma de empréstimo, assim como o cartão de crédito, que permite comprar sem ter efetivamente o dinheiro naquele momento.

Como alternativa, junte a quantia que você precisa ao longo dos meses e prefira fazer as compras à vista.

Tenha um planejamento das suas metas

Para isso, é importante que você estruture bem quais são as suas verdadeiras metas financeiras. Isto é, o que você realmente deseja conquistar em curto, médio e longo prazo?

Escreva quais são esses seus sonhos, em quanto tempo deseja alcançá-los, o que você precisa fazer para conquistar. Quanto mais palpável, mais fácil será de se ater ao plano.

Ter esse planejamento te ajuda a manter o foco nos objetivos que realmente farão diferença na sua vida e te fará pensar que cair nas tentações financeiras pode atrapalhar esse processo.

Se um dos seus objetivos, por exemplo, é ter uma aposentadoria tranquila, saberá que precisa juntar e investir dinheiro por muitos anos, mas que, no futuro, terá essa recompensa.

Não sabe como começar a traçar os seus objetivos com o que fazer com o dinheiro. Temos um conteúdo completo sobre isso! Aprenda agora a criar suas metas financeiras.