O vôlei com conhecimento e independência jornalística
Não é à toa que a peça mais forte do jogo é uma dama.
O Suzano inovou.
Apostou em Ana Paula Lopes Ferreira, conhecida como ‘Fofinha’ quando atuava, como supervisora do time masculino que disputará a Superliga.
Belo exemplo.
Caso isolado.
Fofinha é a única mulher exercendo o cargo entre os times masculinos no Brasil.
Geralmente o que chamam de “mulheres difíceis” é igual a “mulheres poderosas”.
O blog conversou com Fofinha. A gaúcha de 42 anos contou a experiência do primeiro ano no cargo, falou dos desafios que terá pela frente, preconceito e o processo de transição.
Como foi esse processo saindo da quadra e assumindo o lado administrativo?
Comecei a trabalhar como supervisora no mesmo ano que parei de jogar. A experiência, a vivência que tive como atleta me deu a base para iniciar no primeiro ano, tinha facilidade em lidar com questões que envolviam a quadra, mas precisei buscar bastante conhecimento na parte administrativa. Tive o suporte de alguns supervisores com que já tinha trabalhado e isso me ajudou bastante.
A oportunidade simplesmente surgiu ou você se preparou para o cargo de supervisora?
A oportunidade apareceu logo que parei de jogar, estava na área da educação física, mas no início vi a necessidade de buscar conhecimento e ferramentas para exercer a função de supervisora, trabalhar na gestão de projetos. Desde então estou me capacitando, fiz o curso superior de processos gerenciais e tenho feito cursos que acho importante para trabalhar em projetos esportivos, focados na área de gestão de empresas.
Você sempre viveu no ambiente do feminino e como tem sido trabalhar no masculino?
Apesar da mudança de naipe, o trabalho continua o mesmo. Quando falamos da diferença do masculino para o feminino, é em relação aos atletas, pois assim como no masculino, nas equipes femininas as comissões técnicas e demais profissionais envolvidos são predominantemente homens.
Pretende seguir carreira?
Sim, gosto muito de trabalhar com esporte, acredito no poder que o esporte tem em melhorar e mudar a vida das pessoas. Quero me capacitar cada vez mais para desenvolver projetos esportivos que tenham longevidade e crescer profissionalmente na gestão do esporte.
Ainda existe preconceito ?
O preconceito num ambiente masculino existe, mas a nossa postura faz toda a diferença. Eu acredito que o preconceito contra mulheres no ambiente de trabalho é causado pela insegurança masculina em relação aquela profissional. Aqui em Suzano fui recebida com muito respeito.
O que tem acompanhado nas reuniões com as entidades e o que é preciso mudar para o futuro pensando nos clubes?
Nas reuniões é sempre falado da importância de manter o crescimento do voleibol, a organização e realização das competições de maneira que se tornem mais atrativa para o público e principalmente, parcerias que beneficiem os clubes, as equipes para que possam continuar revelando atletas e participando das competições. Existem projetos, equipes em realidades diferentes. A maioria dos clubes, dos projetos, está em busca constante de patrocínio, mas tem dificuldade em captar recursos para atingir o orçamento necessário e é preciso que continuem fortalecendo as leis de incentivo ao esporte, as parcerias com as entidades que destinam recursos para os clubes, para que possam melhorar sua estrutura, proporcionar condições de trabalho ideais para os profissionais, atletas, elevando o nível do voleibol. Não vejo como iniciar uma mudança pelo topo, quando existe problema na base.
Recomendadas para você
LEIA MAIS
- Isac: o óbvio para uns é o impensável para os outros
- CBV e Funvic: a mentira por um bem maior continua sendo uma mentira
- Os bastidores da saída de Ana Cristina da seleção brasileira
- Carol Gattaz: uma história sempre tem os dois lados
- A volta por cima e o renascimento de Cuba
- Funvic e CBV articulam novo golpe contra fair play financeiro
- Advertência = Absolvição: CBV abre perigoso precedente no 'Caso Hylmer'
- Os inocentes úteis nas mãos do Senado, Renan e seus asseclas
VER TODOS